14° Congresso Paulista de Infectologia
More infoA tuberculose (TB) atualmente está inserida em um contexto epidemiológico peculiar, caracterizado pela transição demográfica devido ao franco envelhecimento populacional. No Brasil, em 2022 foram notificados 78.057 casos novos de TB, o que equivale a um coeficiente de incidência de 36,3 casos por 100 mil habitantes. Já o coeficiente de incidência na faixa etária acima de 60 anos na cidade de São Paulo em 2022 foi de 50,6 casos por 100 mil habitantes. A TB resistente a medicamentos representa uma crescente preocupação de saúde pública, e são escassos os estudos sobre esta condição na população idosa do país.
ObjetivoAvaliação do perfil clínico-epidemiológico de pacientes idosos com tuberculose drogarresistente (TBDR) atendidos em um centro de referência em Tisiologia em São Paulo/SP, no período de 2018-2022.
MétodoEstudo descritivo, com inclusão de pacientes admitidos no Instituto Clemente Ferreira (ICF), com diagnóstico de TBDR, de janeiro de 2018 a dezembro de 2022. Os dados foram obtidos através dos Sistema de Controle de Pacientes com Tuberculose do Estado de São Paulo (TBweb), Sistema de Informação de Tratamentos Especiais da Tuberculose (SITETB) e revisão de prontuários.
ResultadosNo período de 2018 a 2022, 31 pacientes com idade igual ou superior a 60 anos foram atendidos no ICF com diagnóstico confirmado de TBDR. Destes, 6 casos (19%) apresentavam mono resistência a isoniazida (TB monoR INH), 24 (77%) resistência a rifampicina ou multirresistência (TB RR/MR) e 1 (3%) TB extensivamente resistente (TB XDR). A maioria era do sexo masculino (84%), raça branca (48%) e a mediana de idade foi de 67 anos. A apresentação pulmonar ocorreu em 30 casos (97%), e 1 caso apresentou TB óssea. Presença de comorbidades associadas em 61% dos casos, sendo as mais prevalentes diabetes mellitus (32%) e hipertensão arterial sistêmica (22%). Apenas 16 (51%) tiveram como desfecho a cura clínica. O óbito durante o tratamento ocorreu em 25% dos pacientes.
ConclusãoA TB na população idosa é um importante problema de saúde pública, e seu manejo é complexo devido à presença frequente de comorbidades, interação medicamentosa e efeitos adversos aos medicamentos. A TBDR pode tornar ainda mais complexo este manejo, sendo necessário novos estudos nacionais para melhor avaliação deste cenário clínico-epidemiológico.