14° Congresso Paulista de Infectologia
More infoA hanseníase é uma doença bacteriana endêmica causada pela Mycobacterium leprae sendo mais prevalente nos países em desenvolvimento. Se não tratada evolui de forma lenta e progressiva se tornando transmissível e desta forma pode afetar pessoas de qualquer idade ou sexo. No Brasil, segundo país do mundo em número de casos novos, é uma das principais causas de incapacidade física, pelo potencial de gerar lesões neurais.
ObjetivoAnalisar e correlacionar espacialmente a prevalência e características clínicas da Hanseníase no estado de São Paulo (SP) entre 2018 e 2022.
MétodoTrata-se de um estudo ecológico e exploratório com informações do DATASUS acerca dos casos de hanseníase nos municípios de SP, com análise da forma clínica de notificação e avaliação do grau de incapacidade física (GIF) em que os dados foram inseridos no TerraView para identificar autocorrelação espacial estimada pelo Índice de Moran (IM) e construção de mapas temáticos.
ResultadosEntre os anos de 2018 a 2022 houve 7215 (16,27/100.000 Hab) casos de Hanseníase no Estado. É possível notar neste período uma queda de 17,02% no número de casos. Analisando pela classificação de Madri, houve 620 (8,59%) casos da forma indeterminada; 738 (10,22%) da tuberculóide; 3424 (47,45%) da dimorfa e 2025 (28,06%) da virchowiana. 418 (5,79%) casos foram ignorados ou não classificados. Explorando o GIF, indicador de perda da sensibilidade protetora e/ou deformidade visível pela lesão neural ou cegueira, 2843 (39,4%) foram classificados como grau 0; 2468 (34,2%) classificados como grau I e 1199 (16,6%) classificados como grau II. 705 (9,77%) casos foram deixados em branco ou não avaliados. O valor estimado do IM dos casos totais por 100.000 habitantes foi de 0.257 (p-valor: 0.01). No mapa temático é possível notar uma concentração de casos ao Norte do estado, na região de São José do Rio Preto e Araçatuba. É possível também identificar um acúmulo de casos de GIF 2 nas cidades de Ribeirão Preto, Sorocaba e Fernandópolis. Analisando a forma virchowiana, caracterizada como a mais contagiosa, as cidades com piores indicadores foram São Paulo, Campinas e Ribeirão Preto.
ConclusãoApesar da diminuição dos casos nos últimos anos, a doença ainda se encontra presente no estado de SP. Cerca de 50,74% dos acometidos apresentam algum nível de comprometimento funcional, conforme o GIF. Esses dados reforçam a importância das políticas públicas voltadas para a prevenção e tratamento da hanseníase, especialmente com foco na região norte do estado.