14° Congresso Paulista de Infectologia
More infoEm março de 2020, a COVID-19 foi classificada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma pandemia. Em decorrência dela, pessoas foram hospitalizadas e evoluíram comgravidade nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI), demandando o uso de dispositivos invasivos e estando mais suscetíveis às infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS).
ObjetivoO objetivo do presente estudo foi avaliar o perfil dos pacientes internados em UTI, antes, durante e após a pandemia. Considera-se como variáveis a serem estudadas as taxas de utilização de dispositivos invasivos, a densidade de incidência (DI) das infecções a eles associadas e o predomínio dos seus agentes etiológicos e perfil microbiológico.
MétodoEstudo transversal, descritivo, retrospectivo de análise estatística dos dados obtidos em prontuários médicos de pacientes internados, na UTI adulto, em um hospital público do município de Araras (SP) entre 2019 e 2023. As variáveis consideradas foram: média de infecção hospitalar (IH), taxa de uso de dispositivos invasivos; DI de infecções relacionadas ao uso de dispositivos invasivos, além dos seus agentes etiológicos predominantes.
ResultadosDurante o período, a média de IH dos internados na UTI foi de 4,5% (2019); 10% (2020); 18,3% (2021), 7,1% (2022), 7% (2023). As taxas do uso de SVD foram 72,6% (2019); 84,7% (2020); 80,3% (2021), 73% (2022), 64% (2023); CVC, 58,7% (2019); 75% (2020); 75,5% (2021), 66,8% (2022), 58% (2023); VM, 39% (2019); 59% (2020); 51% (2021), 47,7% (2022), 53% (2023). Sobre a DI de ITU por SVD, 3,3 (2019); 2,42 (2020); 2,35 (2021), 3 (2022), 1,7 (2023). A DI de ICS por CVC teve valor de 1,4 (2019); 2,85 (2020); 2,5 (2021), 2,75 (2022), 6,1 (2023). Já a de PVM foi de 9,9 (2019); 18,9 (2020); 19,9 (2021), 12,23 (2022), 13,8 (2023). Os agentes de IH predominantes foram Klebsiella pneumoniae ESBL, Enterobacter cloacae MS e Enterococcus faecalis MS (2019); Acinetobacter sp panresistente e Klebsiela pneumoniae ESBL (2020); Acinetobacter sp panresistente e Klebsiela pneumoniae carbapenemase (KPC) (2021), além de Acinetobacter sp panresistente e Klebsiela pneumoniae ESBL (2022 e 2023).
ConclusãoOs dados apontam para aumento da taxa de IRAS durante os anos da pandemia, com mudança no cenário microbiológico, com predominância de bactérias multidrogarresistentes. Nota-se que após a pandemia há melhor gerenciamento no uso de dispositivos invasivos, porém ainda com desafio de melhor controle das DI de infecções relacionadas a dispositivos invasivos.