As infecções relacionadas à assistência à saúde (IrAS) são eventos graves que aumentam os custos hospitalares e a mortalidade. Apesar dos esforços de controle, a variabilidade nos resultados persiste, desse modo, busca-se entender melhor essas infecções, focando na análise da incidência de pneumonias associadas à ventilação mecânica (PAVM) e no perfil dos pacientes. É esperado que essas análises ajudem a melhorar as estratégias de prevenção e controle dessas infecções.

Este estudo visa identificar os fatores que influenciam as infecções relacionadas à assistência à saúde, especialmente as pneumonias associadas à ventilação mecânica. Pretende desenvolver modelos para avaliar o risco individual de infecções, direcionar medidas preventivas e correlacionar o uso de dispositivos invasivos e antimicrobianos com os desfechos de saúde, estabelecendo níveis de endemicidade local e diretrizes para controle.

Dados foram coletados em UTIs do Hospital Universitário São Francisco, abrangendo pacientes adultos. As informações individuais incluem idade, comorbidades e sinais vitais, enquanto dados populacionais seguirão a metodologia NHSN. O consumo de antimicrobianos foi registrado, e casos de infecções foram definidos conforme critérios da ANVISA. Análises multivariadas, incluindo regressão de Poisson, foram realizadas para identificar fatores associados às infecções, estabelecendo limiares de endemicidade para orientar medidas preventivas. Todas as análises foram realizadas no programa R Studio versão 2021.09.1-372.

Incluir dados sobre o perfil dos pacientes atendidos na unidade, juntamente com métricas de uso de dispositivos, deve melhorar significativamente a capacidade preditiva das regressões aplicadas aos desfechos (IrAS e colonização/infecção por MDRs). Estudos anteriores sugerem que modelos preditivos que consideram o perfil da população atendida em determinado período apresentam desempenho satisfatório, com R2 superior a 0,75 em modelos lineares e ajuste estatisticamente adequado em modelos não lineares.

Em suma, os resultados não indicam uma relação significativa entre o perfil dos pacientes atendidos e a incidência de pneumonias associadas à ventilação mecânica. Isso pode ser atribuído à grande variabilidade nos serviços de saúde e nos perfis dos pacientes, assim como à complexidade dos critérios diagnósticos e dos múltiplos fatores de risco envolvidos.