14° Congresso Paulista de Infectologia
More infoCom a disponibilidade atual de medicamentos com maior potência, tolerabilidade e barreira genética, ressurgiu o interesse em estratégias poupadoras de antirretrovirais para diminuir a toxicidade, a complexidade dos esquemas e os custos. Estudos atuais já mostraram que essa parece ser uma opção segura, porém pouco foi estudado até o momento em populações longevas e multi experimentadas.
ObjetivoAvaliar o perfil dos pacientes que fizeram a troca para os esquemas duplos (DTG + 3TC ou DTG + DRV/r ou DRV/r + 3TC) no ambulatório ADEE 3002.
MétodoAnálise retrospectiva com dados coletados no período de abril de 2021 a dezembro de 2023 de PVHA acompanhados no ambulatório ADEE3002/HCFMUSP, São Paulo. Os pacientes avaliados fizeram troca para o esquema duplo estando indetectáveis há pelo menos 6 meses. Os dados foram resgatados de prontuários e do SICLOM.
ResultadosO ambulatório ADEE3002 atualmente conta com 430 pacientes ativos, destes 34 elegíveis para nossa análise. As principais características dessa população analisada são: Homens 29/34 (85,29%), média de idade 55,6 anos, tempo médio de infecção pelo HIV 18,5 anos, média do nadir de CD4 327,44, diagnóstico prévio de HIV avançado em 10/34 (29,41%) e infecção oportunista prévia em 7/34 (20,6%). O tempo médio de exposição aos ARVs foi de cerca de 16 anos, o número médio de esquemas prévio foi 4,12, exposição a inibidores de integrase 20/34 (58,8%), exposição a inibidores da protease 21/34 (61,76%). Apenas 8/34 (23,5%) dos pacientes não tinham nenhuma comorbidade. Entre as principais comorbidades estavam dislipidemia 19/15 (55,9%), disfunção renal 16/34 (47%), hipertensão arterial sistêmica 14/34 (41,2%), diabetes tipo II 7/34 (20,6%), comorbidades psiquiatricas 6/34 (17,6%), lipodistrofia 6/34 (17,6%), osteopenia ou osteoporose 4/34 (11,8%), sequelas neurológicas 4/34 (11,8%). Destes pacientes, 24/34 (70,6%) já tiveram alguma IST, 18/34 (53%) tem histórico de sífilis, 6/34 (17,6%) de herpes genital e após 12 meses de troca 32/34 (94,11%) se mantiveram indetectáveis. Não foi detectada nenhuma falha virológica ou necessidade de troca do esquema nos pacientes analisados.Os valores de linfócitos T CD4 se mantiveram sem alterações significativas.
ConclusãoMesmo em populações longevas e multi experimentadas os esquemas de dupla terapia com DTG + 3TC ou DRV/r + 3TC ou DTG+DRV/r, parecem ser opções seguras no manejo de comorbidades e efeitos adversos de PVHA em supressão viral sem resistência prévia.