14° Congresso Paulista de Infectologia
More infoA piomiosite tuberculosa é uma forma rara de tuberculose extrapulmonar, na maioria dos casos a infecção se estende por contiguidade. O quadro clínico é insidioso, inespecífico e variável, podendo o paciente não apresentar os estigmas clássicos da doença pulmonar.
ObjetivoOs dados na literatura sobre essa condição são escassos, sendo assim, o objetivo deste relato é evidenciar essa forma rara de tuberculose extrapulmonar.
MétodoRelato de caso, com informações obtidas mediante análise do prontuário médico e revisão bibliográfica.
ResultadosPaciente masculino, 38 anos, PVHIV com abandono do tratamento (CV 8540 e CD4 71), sem outras comorbidades. Encaminhado devido quadro febril associado a astenia generalizada, dor, edema e eritema em coxa esquerda após queda da própria altura. Em ultrassonografia demonstrou a presença de inflamação muscular e subcutânea importantes, linfonodomegalia inguinal difusa, coleções profundas sugestivas de abscessos entre os músculos vasto medial e reto femoral, além de uma coleção superficial maior (51,34cm3) com as mesmas características localizada na face medial do joelho esquerdo. Os achados foram confirmados pela tomografia contrastada. Diante do quadro foi aventada hipótese diagnóstica de piomiosite tropical e mantido empiricamente antibioticoterapia com piperacilina e tazobactam e associado vancomicina. Em um primeiro momento foi realizado drenagem do abscesso superficial e material enviado para análise microbiológica, com todas análises negativas. No entanto, após 3 dias paciente apresentou piora dos sintomas, com nova tomografia mostrando presença de coleção residual e piora das coleções profundas. Optou-se por realização de drenagem mais profunda com biópsia de músculo para nova análise microbiológica. A pesquisa de BAAR foi positiva na biópsia de músculo associado à Genexpert positivo (traços). Dessa forma, o paciente recebeu diagnóstico de piomiosite tuberculosa. Paciente negou histórico de tuberculose prévia, em qualquer apresentação. A pesquisa de foco primário por baciloscopia de escarro e tomografia de tórax também foram negativas. Ainda no âmbito hospitalar iniciou esquema terapêutico com RIPE e suspensos os antibióticos. Paciente evoluiu com melhora progressiva do quadro. Após 30 dias, retornou no ambulatório de infectologia deste serviço, com resolução completa do quadro inflamatório em membro.
ConclusãoApesar de rara, é uma doença que deve ser considerada em pacientes imunocomprometidos com sintomas musculares em áreas endêmicas para tuberculose.