14° Congresso Paulista de Infectologia
More infoA efetividade da terapia antirretroviral no tratamento da Infecção pelo HIV (TARV-HIV) exibe aspectos multifatoriais que além da potência e barreira genética dos antirretrovirais, engloba questões como adesão, toxicidade, comorbidades e interação medicamentosa, entre outros. Em Pessoas Vivendo com HIV (PVH) com 50 anos ou mais, denominados Idosos Vivendo com HIV (IVH), a eficácia em vida real essa temática é ainda mais relevante por conta da inflamação crônica e envelhecimento precoce.
ObjetivoQuantificar o impacto do envelhecimento na efetividade da TARV em uma coorte de vida real brasileira, avaliando possíveis variáveis associadas.
MétodoCoorte observacional de 1.094 PVH > 18 anos em retirada regular da TARV no período entre janeiro/2020 e julho/2022. Grupos: G1 - IVH, e G2 - PVH < 50 anos (controle). Efetividade da TARV: percentual de participantes que sustentaram Carga Viral do HIV-1 (CV-HIV) menor que 50 cópias/mL, avaliados também parâmetros imunológicos, tempo de uso e esquemas TARV utilizados, além de variáveis demográficas. Estudo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa local.
ResultadosDo total de participantes selecionados, 1.020 PVH (93,2%) foram incluídos na análise, perda de seguimento e mudança de serviço foram principais motivos de exclusão. Sexo masculino: 66,3%, idade média 47,3 anos, média de tempo de seguimento: 9,9 anos. Grupos: G1 - IVH 50+: 444 participantes (43,5%), e G2 - PVH: 576 pessoas (56,5%), sendo que apenas 8% de G1 recebeu o diagnóstico de infecção pelo HIV após os 50 anos. Esquemas simplificados com 3TC+DTG, 3TC+DRV/r e DTG/DRV/r foram mais prevalentes no G1 em comparação com G2, no qual TDF+3TC+DTG foi mais frequente (p < 0,05). Efetividade da TARV foi maior em G1 (89,6%) do que em G2 (83,1%), falha virológica (CV-HIV > 500 cópias/mL) foi mais frequente em G2 do que em G1 (p < 0,05). Não houve diferença significante nos percentuais de participantes com baixa viremia persistente (CV-HIV entre 50 e 500 cópias) entre G1 e G2, bem como nas médias de linfócitos T CD4 e na distribuição de óbitos no período.
Conclusão: Nessa coorte de vida real brasileira, IVH 50+ apresentaram maior percentual de supressão virológica que o grupo controle < 50 anos, e também demonstraram menor chance de falha > 500 cópias/mL. Fatores como maior percepção de risco e conscientização sobre a importância da adesão à TARV são as principais variáveis associadas em estudos com resultados semelhantes.