14° Congresso Paulista de Infectologia
More infoA tuberculose (TB) é uma importante causa de morbimortalidade em crianças, especialmente em menores de cinco anos. O diagnóstico é desafiador devido à baixa carga de bacilos. Durante a pandemia, o fechamento de serviços de saúde impactou a descoberta dos novos casos de TB.
ObjetivoAnalisar e caracterizar os casos de TB ocorridos nos últimos cinco anos no Hospital Municipal Infantil Menino Jesus (HMIMJ).
MétodoForam identificados todos os casos de TB notificados no HMIMJ entre janeiro/2019 e abril/2024. Revisamos as fichas de notificação e os prontuários, com a coleta dos seguintes dados: sexo, idade, forma clínica, data, método e contexto do diagnóstico, e desfecho. RESULTADOS: Foram encontradas 50 fichas de notificação de TB, das quais 6 foram excluídas por ter sido descartado o diagnóstico. Dos 44 pacientes, 24 eram do sexo feminino (54%). A média de idade foi de 9 anos (3 meses-17 anos). A forma clínica mais prevalente foi a pulmonar (n = 30, 68%), seguida da ganglionar (n = 9, 20%), miliar (n = 4, 9%), pleural (n = 3, 7%), sistema nervoso central (n = 3, 7%), óssea (n = 1, 2%), renal (n = 1, 2%) e abdominal (n = 1, 2%). Cinco pacientes (11%) tiveram mais de uma forma de TB e 5 (11%) apresentaram TB disseminada. As formas extrapulmonares foram sobretudo identificadas nos menores de 5 anos (53%). Em relação ao diagnóstico, 50% dos pacientes obtiveram detecção do bacilo (n = 22). A investigação ocorreu durante internação em 73% dos casos (n = 32) e ambulatorial em 27% dos casos (n = 12). Quanto aos desfechos, 33 pacientes tiveram cura (75%), 2 abandonaram o tratamento (5%), 9 estão em tratamento (20%) e não houve óbitos. Três pacientes foram diagnosticados em 2019 (7%), 7 em 2020 (16%), 8 em 2021 (18%), 14 em 2022 (32%), 7 em 2023 (16%) e cinco até abril de 2024 (11%).
ConclusãoNossos achados coincidem com os dados do Ministério de Saúde, com maior número de TB disseminada em menores de 5 anos, além da grande proporção de diagnósticos clínicos, sem identificação do bacilo. Nossa taxa de cura é maior que a do Brasil, enquanto a taxa de abandono é menor. Notamos que a evolução temporal dos diagnósticos pode estar relacionada ao fechamento de serviços de saúde nos anos de 2020 a 2022. Nesses anos temos aumento dos diagnósticos no serviço, principalmente nos casos ambulatoriais. Em 2023, com a reorganização dos serviços de saúde, vemos um menor número de diagnósticos ambulatoriais no HMIMJ, mas essa tendência parece não se manter em 2024, quando até o final do primeiro trimestre já temos 5 casos diagnosticados.