14° Congresso Paulista de Infectologia
More infoA febre amarela (FA) é uma doença hemorrágica viral transmitida por mosquitos do gênero Aedes e Haemagogus e causada pelo arbovírus do gênero Flavivirus. Entre 2014 e 2022, o Brasil registrou 2.289 casos de FA com uma taxa de letalidade de 34%. Durante esse surto, o epicentro concentrou-se principalmente nos estados do Sudeste, onde ocorreram os ressurgimentos de FA entre 2017-2019, totalizando mais de 1.500 casos confirmados. Nesse período, o Sudeste também testemunhou um aumento nas internações e nos óbitos, em prejuízo da baixa cobertura vacinal da FA. Até o momento presente, não há literatura para avaliar as taxas de cobertura vacinal até 2022 na região Sudeste, sem restrições a estados específicos.
ObjetivoEste estudo visa analisar a taxa de cobertura vacinal da FA na região Sudeste entre 2017 e 2022.
MétodoEstudo transversal ecológico realizado por meio de dados extraídos do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS) provenientes do Sistema de Informática de Agravos de Notificação (SINAN) dos estados da região Sudeste nos anos de 2017 a 2022. Foi realizada análise descritiva para calcular a porcentagem de cobertura vacinal de FA em toda população da região em cada ano avaliado, excluindo qualquer variável, como unidade de federação, capital ou município. A pesquisa foi realizada com dados secundários de acesso público, dispensando-se a submissão ao Comitê de Ética em Pesquisa.
ResultadosApesar da baixa cobertura vacinal de 2017 (39,40%), houve um aumento de vacinações nos anos de 2018 (66,36%) e 2019 (71,96%). Seguindo esse raciocínio, 2020 representou o terceiro maior índice vacinal com um percentual de 66,25%. Entretanto, em 2021, houve uma redução da cobertura vacinal nessa região, representando uma taxa de vacinação de FA de 64,13%, seguido de 2022 com um percentual ainda menor de 62,90%.
ConclusãoOs resultados obtidos indicam que a intensificação da cobertura vacinal representa um importante fator profilático para a mitigação da FA. Nessa perspectiva, formula-se a hipótese de que a onda de movimentos antivacina proveniente da pandemia do COVID-19 se relaciona com o decréscimo da aplicação de vacinas para FA. Dessa forma, com o intuito de garantir a diminuição dos casos de FA na região Sudeste do Brasil, é essencial a implementação de campanhas de divulgação pública a respeito da imunização viral, visando melhorar as taxas de cobertura vacinal e evitar notícias falsas envolvendo a aplicação de vacinas.