14° Congresso Paulista de Infectologia
More infoViver com hiv ainda traz consigo o reflexo da desigualdade e do estigma social. Estes em situação de vulnerabilidade estão mais propensos a complicações por infecções oportunistas e a tuberculose. Segundo a Organização Mundial de Saúde, aproximadamente um quarto da população está infectada pelo bacilo Mycobacterium tuberculosis.
ObjetivoRelatar o caso de paciente jovem portadora do vírus HIV, em abandono de tratamento, com infecções oportunistas e tuberculose disseminada.
MétodoRelato de caso.
Resultados29 anos, encontrada em via pública e encaminhada por rebaixamento do nível de consciência, sabidamente portadora do vírus HIV e em abandono de tratamento. Deu entrada gemente, ECG: 9, desidratada, ictérica, taquicárdica, afebril; dor abdominal difusa. TC de tórax: presença de vidro fosco com árvore em brotamento; TC de abdome: hepatoesplenomegalia e dilatação importante das vias biliares e TC de crânio com lesões com realce anelar ao contraste, edema perilesional múltiplas peri núcleo da base, compatível com diagnóstico de neurotoxoplasmose. Feito punção liquórica com proteinorraquia. Optado por tratamento alternativo para tuberculose devido a bilirrubina total de 21 às custas de direta, LAM detectável. Iniciado Meropenem, Linezolida, Levofloxacino e Amicacina empírico devido ao quadro de gravidade hepática e história prévia de abandono de tratamento (risco de resistência). Associou-se Sulfametoxazol + Trimetropin para tratamento de toxoplasmose e pneumocistose. Após início de terapêutica antimicrobiana apresentou melhora do rebaixamento nível de consciência, ECG de 11, melhora da icterícia e bilirrubina total de 9. Exames de imagem de controle de tomografia de crânio demonstrou diminuição das lesões nodulares cerebrais e de abdome com melhora da dilatação das vias biliares. Permaneceu 36 dias internada e foi transferida para Hospital com unidade de internação de longa permanência para continuidade dos cuidados.
ConclusãoComo descrito na literatura (Salomão et al., 2023), carências socioeconômicas e de abrigo, dependência química e baixa adesão ao seguimento clínico constituem fatores associados à baixa adesão à TARV e presentes neste caso. Apesar da tentativa anterior de tratamento com evasão da paciente, a vinculação a um serviço de saúde com detecção precoce de não adesão com instituição de medidas preventivas, têm sido o desafio enfrentado por profissionais de saúde para a prevenção de complicações e óbitos de pacientes vivendo com HIV.