A pandemia da COVID-19 foi declarada pela Organização Mundial da Saúde em março de 2020 e tornou-se um problema de saúde de grande dimensão. Pacientes afetados pelo vírus da COVID-19 apresentaram infecções bacterianas secundárias, levando ao maior consumo de antimicrobianos e aumento de bactérias multirresistentes.

Avaliar e quantificar os casos de infecções hospitalares causadas por microrganismos multirresistentes antes e durante a pandemia da COVID-19.

Estudo observacional, retrospectivo, desenvolvido em hospital privado, localizado em São Paulo. A análise dos dados ocorreu de janeiro de 2018 a dezembro de 2022, sendo o período da pandemia da COVID-19 de 2020 a 2022. Foram analisados os casos de infecções hospitalares relacionadas a assistência à saúde (IRAS), pelos respectivos sítios de infecção, como infecção de corrente sanguínea associada ao cateter venoso central (ICS), infecção urinária associada à sonda vesical de demora (ITU) e pneumonia associada à ventilação mecânica (PAV), além do patógeno e classificação como multirresistente. O microrganismo foi considerado multirresistente quando apresentava resistência a pelo menos um antimicrobiano em três classes ou mais categorias antimicrobianas.

Foram quantificados 179 casos de infecções hospitalares, sendo 25 casos em 2018, 16 em 2019, 38 em 2020, 74 em 2021 e 26 em 2022, resultando em 138 (77%) casos durante a pandemia. Do total de infecções, 64 (36%) foram ocasionadas por microrganismo multirresistentes, sendo que 47 (73%) ocorreram no período da COVID-19. Sobre os microrganismos responsáveis pelas infecções, no período da COVID-19, os mais prevalentes foram: Pseudomonas aeruginosa (n = 19), Klebsiella pneumoniae (n = 14), Escherichia coli (n = 9), Staphylococcus aureus (n = 7) e Acinetobacter baumanni (n = 4), presentes em quase 50% do total das infecções. Sobre o sítio de infecção, durante os cinco anos, 109 casos foram de ICS (61%), 40 casos de PAV (22%) e 30 casos de ITU (17%). Notou-se um aumento durante pandemia, pois 82 dos casos de ICS (75%), 34 dos casos de PAV (70%), 21 casos de ITU (87%) ocorreram no período da pandemia.

Identificou-se um aumento do número de infecções hospitalares relacionadas a assistência à saúde durante a pandemia da COVID-19, principalmente nos anos de 2020 e 2021, e grande parte dessas infecções foram ocasionadas por microrganismos multirresistentes, como Pseudomonas aeruginosa, Klebsiella pneumoniae e Acinetobacter baumanni.