14° Congresso Paulista de Infectologia
More infoQueixas de uretrite e proctite são comuns na prática clínica, sendo as principais etiologias a Chlamydia trachomatis (CT) e a Neisseria gonorrhoeae (NG), geralmente tratadas empiricamente. No entanto, outros agentes pouco lembrados como os micoplasmas, ureaplasmas e tricomonas eventualmente são os causadores destes sintomas. Com isso, a terapia empírica pode não necessariamente levar à cura e facilita a resistência aos antimicrobianos. Ademais, considerando as alterações das manifestações do monkeypox ao longo do tempo, a redução de sua notificação e o fato do vírus poder apresentar essas manifestações na transmissão sexual, essa poderia ser uma outra etiologia.
ObjetivoAvaliar características clínicas, epidemiológicas e etiológicas de pacientes com uretrite e/ou proctite em São Carlos-SP, avaliar o impacto da implantação de teste molecular rápido para CT e NG (CT/NG qPCR) em seu manejo clínico e desenvolver qPCR para identificação dos outros agentes.
MétodoEstudo observacional transversal incluiu indivíduos adultos com sintomas de uretrite e/ou proctite e/ou lesões cutâneas, genitais ou anais compatíveis com monkeypox. Realizada entrevista, exame físico, coleta e congelamento de urina para CT/NG qPCR e para posterior realização de reações em cadeia por polimerase em tempo real (qPCR) para Trichomonas vaginalis, Ureaplasma spp, Mycoplasma genitalium, Mycoplasma hominis e vírus Monkeypox. Realizados testes rápidos para IST (TR), cultura geral de secreção uretral e eventualmente VDRL e anti-HSV. Os qPCR foram desenvolvidos com o uso de SYBR green, com base em primers da literatura, analisados e modificados nas ferramentas BLAST/NCBI e OligoAnalyzer.
ResultadosAté o momento, foram incluídos oito homens, entre 21 e 43 anos, todos com descarga uretral, disúria, desconforto peniano e/ou escrotal, quatro com alterações de faringe ou mucosa oral, três com lesões ulceradas genitais e quatro com adenomegalia. O CT/NG qPCR excluiu infecção por CT em todos os pacientes e de NG em quatro. Evitou-se o uso empírico de azitromicina em sete pacientes e de ceftriaxona em três. Houve paciente com quatro ISTs simultâneas.
ConclusãoA implantação do CT/NG qPCR teve resultados benéficos na pequena amostra de pacientes incluídos até o momento, permitindo o tratamento direcionado e a redução do uso empírico de azitromicina e ceftriaxona. No entanto, o diagnóstico nem sempre se reverte em diminuição do uso empírico de antimicrobianos.