14° Congresso Paulista de Infectologia
More infoA dengue é uma doença muito presente nas Américas, incluindo o Brasil. O quadro clínico pode variar de assintomático até sintomas graves com risco de morte. Não há dados precisos sobre a prevalência de dengue em pessoas vivendo com HIV/aids (PVHA) no Brasil. Considerando as novas vacinas contra a dengue, é importante identificar populações prioritárias para a imunização.
ObjetivoVerificar a soroprevalência de dengue em PVHA no Município de São Paulo/SP.
MétodoEntre setembro de 2020 e maio de 2021 foram selecionados 240 voluntários que atendiam aos seguintes critérios de inclusão: idade acima de 18 anos; soropositividade documentada para infecção por HIV-1. Os critérios de exclusão foram: vacinação prévia contra a dengue e idade acima de 60 anos. Os testes rápidos OnSite Duo Dengue Ag-IgG/IgM CTK Biotech foram aplicados.
Resultados85 (35,56%) dos voluntários são do sexo feminino, 185 (77,41%) encontram-se entre a faixa etária de 40 a 59 anos, 45 (18,83%) ingressaram no ensino superior (completo ou incompleto), 99 (41,42%) é procedente da região Sul e 126 (52,72%) possuem a cor da pele preta/parda. 80 (33,47%) apresentam etilismo/ex-etilismo, 10 (4,18%) doença renal crônica e 8 (3,35%) doença cardiovascular. 233 (97,49%) possuíam carga viral indetectável no momento da aplicação do teste e 6 (2,5%) carga viral detectável. 12,55% apresentaram sorologia positiva para dengue. A prevalência de PVHA que apresentaram coinfecção encontrada foi calculada da seguinte forma: P = 30/239*100. A análise bivariada dos dados sociodemográficos e da sorologia de dengue demonstra que somente a “cor de pele: parda” apresenta tendência para ser estatisticamente significativa, com p = 0,084. Do total de participantes com “cor de pele: parda”, 83 (82,18%) apresentaram sorologia negativa para dengue e 18 (17,82%) apresentaram sorologia positiva (OR 2,011). O resultado da análise bivariada das comorbidades e dengue mostrou que a variável “cardiovascular” foi a única com significância estatística, apresentando um p = 0,001. Do total de pessoas com esta comorbidade, 4 (50%) apresentaram resultado positivo (OR 7,885). Apenas 3 (30%) dos indivíduos com “doença renal crônica” apresentaram resultado positivo para coinfecção com p = 0,089 e 6 (7,5%) dos “etilistas/ex etilistas”, com p = 0,094.
ConclusãoA investigação encontrou uma soroprevalência de dengue em PVHA em São Paulo/SP, Brasil, de 12,55% entre setembro/2020 e maio/2021. Observamos que PVHA pardas tem maior prevalência de dengue.