14° Congresso Paulista de Infectologia
More infoA coinfecção por Mycobacterium tuberculosis e Rhodococcus sp. representa um desafio clínico. A identificação microbiológica de Rhodococcus sp. pode ser complexa devido à sua pleomorfia e à sua semelhança com outros álcool-ácido resistentes. Embora inicialmente raro em humanos, tornou-se uma infecção oportunista importante, especialmente em pessoas vivendo com HIV, nas quais geralmente manifesta-se como uma infecção pulmonar.
ObjetivoApresentamos um caso de coinfecção por M. tuberculosis e Rhodococcus sp., destacando os desafios diagnósticos e o manejo terapêutico.
MétodoEste relato de caso foi elaborado com base na revisão de prontuário e na revisão da literatura.
ResultadosPaciente do sexo masculino, 28 anos, dependente químico e em situação de rua, com diagnóstico prévio de HIV/AIDS e tuberculose pulmonar, ambos em abandono de tratamento, apresentou-se no Pronto-Socorro do Instituto de Infectologia Emílio Ribas com quadro séptico de foco pulmonar. Após investigação, Rhodococcus hoagii (anteriormente Rhodococcus equi) foi identificado em hemoculturas por MALDI-TOF. O teste molecular de escarro foi positivo para Mycobacterium tuberculosis. O tratamento empírico com vancomicina e RIPE resultou em melhora clínica, com alta hospitalar após três semanas de terapia. No entanto, o paciente abandonou o tratamento após a alta e veio a óbito em nova internação dois meses depois.
ConclusãoA coinfecção por M. tuberculosis e Rhodococcus sp. é uma condição rara, mas pode representar um desafio diagnóstico e terapêutico significativo. Rhodococcus sp. pode ser confundido com outros microorganismos álcool-ácido resistentes em culturas e as manifestações clínicas pulmonares semelhantes à tuberculose pulmonar aumentam as chances de diagnóstico equivocado. No caso apresentado, a identificação de R. hoagii por MALDI-TOF em hemocultura e de M. tuberculosis por técnica molecular em escarro, garantiu o diagnóstico acurado. A complexidade clínica, a sobreposição de sintomas comuns a outras condições e os desafios no tratamento enfatizam a necessidade de uma abordagem individualizada para cada paciente. Este relato contribui para o entendimento clínico dessas infecções e destaca a importância do manejo precoce e adequado para otimizar os desfechos clínicos em populações vulneráveis.