14° Congresso Paulista de Infectologia
More infoMesmo com o advento do uso da terapia antirretroviral para tratamento dos pacientes portadores do vírus HIV e com o maior conhecimento que se tem da Aids, ela continua sendo endêmica em várias regiões do mundo, com novos casos diagnosticados diariamente e sendo responsável por inúmeras internações. Entre as doenças oportunistas, a neurotoxoplasmose está entre as mais prevalentes. Em pacientes com baixa contagem de linfócitos T CD4 e carga viral detectável, as chances de adquirir a doença são maiores. Há poucos casos descritos na literatura de neurotoxoplasmose com necessidade de derivação ventricular.
ObjetivoRelatar caso de paciente com Aids com neurotoxoplasmose com necessidade de derivação ventricular.
MétodoRelato de caso.
ResultadosA.F., masculino, 71 anos, previamente hígido, com histórico de quedas frequentes há 2 anos e perda de controle esfincteriano há 1 semana, encaminhado ao serviço terciário para investigação de relação com os sintomas neurológicos. Na admissão o paciente apresentava hemiparesia direita associado a desorientação em tempo e espaço, pupilas anisocóricas e candidíase oral. Realizou testagem rápida para HIV com resultado reagente. Contagem de CD4 18 células e carga viral de 33.400 cópias/mL. Realizou tomografia de crânio com lesão extensa à esquerda associada a sinais de hidrocefalia. Introduzido tratamento para neurotoxoplasmose com clindamicina, pirimetamina e ácido folínico. Ressonância de crânio evidenciou estenose de aqueduto com hidrocefalia supratentorial. Neurocirurgia indicou realização de ventriculostomia endoscópica. Introduzido esquema antirretroviral com necessidade de troca para dolutegravir, darunavir e ritonavir devido disfunção renal. Realizou ressonância de crânio de controle, constatando regressão das lesões e diminuição da hidrocefalia. Recebeu alta com melhora significativa do déficit motor.
ConclusãoA neurotoxoplasmose é uma doença oportunista que compromete principalmente região próxima dos núcleos da base, apresentando boa resposta ao tratamento clínico. A intervenção neurocirúrgica é raramente empregada, mas deve ser considerada em situações em que o paciente nao apresenta boa resposta terapêutica, para realizar diagnóstico diferencial ou em raros casos com manifestação compressiva, complicando com a hidrocefalia como o caso relatado.