Data: 18/10/2018 ‐ Sala: TV 10 ‐ Horário: 13:30‐13:35 ‐ Forma de Apresentação: E‐pôster (pôster eletrônico)
Introdução: Infecções fúngicas invasivas por leveduras não Candida sp são raras, porém apresentam maior incidência nas últimas décadas, devido ao aumento da população imunodeprimida. Trichosporon asahii é um fungo ubíquo na natureza, faz parte da flora humana, causa usualmente infecções cutâneas e autolimitadas, mas, como é um patógeno oportunista, tem o potencial de causar infecções invasivas e potencialmente fatais em população imunodeprimida como neutropênicos, transplantados, com Aids, entre outros.
Objetivo: Relatar um caso de endocardite fúngica por Trichosporon asahii em paciente com prótese cardíaca valvar e fazer revisão da literatura sobre o tema.
Metodologia: Paciente do sexo masculino, 50 anos, com internação prolongada de 60 dias após complicações intra e pós‐operatórias em cirurgia de dupla troca valvar por próteses biológicas devido a sequelas de endocardite bacteriana prévia. Após dois meses, apresentou‐se com febre, astenia, confusão mental, poliartralgia e petéquias, foi iniciada antibioticoterapia empírica com Vancomicina e Gentamicina. Após seis dias, com hemoculturas positivas para Trichosporon asahii, foi trocado o antibiótico por Voriconazol endovenoso. Após 15 dias, teve hemorragia digestiva alta e baixa por úlcera de ceco, tratada colonoscopicamente. Manteve‐se estável até o 58° dia de internação, quando devido a febre persistente de foco indeterminado foi aberto protocolo de sepse e foram iniciados Vancomicina e Meropenem. Após 72 dias de internação e ao término de antibiótico, apresentou‐se estável, assintomático, feitas suspensão do Voriconazol e alta hospitalar. Após dois meses, retornou com astenia, febre e hipotensão, foi aberto protocolo de sepse e foram iniciados Vancomicina e Cefepime, evoluiu com insuficiência respiratória.
Discussão/conclusão: As fungemias por T. asahii têm emergido em pacientes com outros fatores de risco, como o antecedente de troca valvar, pode tal fato estar relacionado ao avanço em diagnóstico microbiológico, maior sobrevida de pacientes com distúrbios graves ou em terapia imunossupressora, com mais dias de internação e uso frequente de antibiótico de amplo espectro. Segundo a literatura, há maior prevalência em homens idosos, com taxa de mortalidade entre 60 a 83%, perfil e evolução concordantes com o caso. Sobre o tratamento, testes mostram maior atividade in vitro dos triazólicos em relação à anfotericina B, optou‐se pelo uso de voriconazol. Alerta‐se à susceptibilidade de outro perfil de pacientes a essas infeções, como após cirurgia cardíaca de troca valvar.