Data: 19/10/2018 ‐ Sala: 2 ‐ Horário: 16:10‐16:20 ‐ Forma de Apresentação: Apresentação oral
Introdução: Acidentes ofídicos constituem um problema de saúde pública e uma patologia ainda negligenciada no contexto médico. Segundo o Ministério da Saúde, cerca de 30.000 acidentes ofídicos ocorreram durante 2017, dos quais a maioria foi causada por serpentes do gênero Bothrops, seguido de Crotalus. Esses acidentes cursam com alta morbidade, relacionada à espécie agressora e a seu tamanho e à demora na aplicação do soro, entre outros. Infecção secundária, insuficiência renal e síndrome compartimental são as principais complicações.
Objetivo: Avaliar o perfil clínico, epidemiológico e evolutivo dos pacientes vítimas de acidentes ofídicos em um hospital de ensino, com destaque para a síndrome compartimental.
Metodologia: Estudo clínico epidemiológico prospectivo feito durante atendimento na emergência e na enfermaria, com registro dos principais aspectos clínicos e evolutivos de pacientes.
Resultado: De fevereiro a agosto de 2018, foram atendidos 40 pacientes vítimas de acidente ofídico, dos quais 30 (75%) eram masculinos, com média de 43 anos, e a maioria procedente de municípios do Triângulo Mineiro. Desses, 34 (85%) foram por serpentes do gênero Bothrops e seis (15%) por Crotalus. O tempo médio entre a ocorrência do acidente e a aplicação do soro antiofídico foi de 6,3 horas. Dos 34 acidentes botrópicos, 11 (32%) foram considerados leves, 14 (41%) moderados e nove (27%) graves, enquanto que os crotálicos foram moderados e graves em igual proporção. Todas as complicações estiveram associadas a acidentes botrópicos e entre elas a infecção secundária ocorreu em 20 (50%) casos, insuficiência renal em quatro (10%) e síndrome compartimental em seis (15%). Desses últimos, quatro eram homens e dois, mulheres; quatro ocorreram no membro superior e dois no membro inferior. Quanto à gravidade, houve igual proporção entre moderado e grave. Não houve atraso quanto à fasciotomia.
Discussão/conclusão: Esta casuística corresponde principalmente aos dois primeiros meses do estudo, quando a incidência sazonal desses acidentes é muito maior. Destaca‐se a proporção elevada de síndrome compartimental, uma complicação raramente vista na instituição, que atende em média 150 acidentes ofídicos por ano. Pela distribuição geográfica, sabe‐se que Bothrops jararaca é a espécie predominante na região e poucos casos com essa complicação ocorreram ao longo dos últimos 20 anos, o que sugere a possibilidade de outra espécie, como Bothrops moojeni, ter ingressado na região.