A hepatite C e a Doença Renal Crônica (DRC) estão relacionadas por duas razões principais: primeiro, porque os doentes com DRC podem ser expostos ao vírus nas unidades de diálise e, segundo, porque a infecção pelo VHC pode induzir diretamente a doença renal. Os antivirais de ação direta (DAAs) mudou drasticamente o tratamento da hepatite crônica C com terapias curativas mais curtas, bem toleradas e altamente eficazes. O Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) do Ministério da Saúde orienta o esquema terapêutico pangenotípico com co-formulação do Glecaprevir (100mg) e Pibrentasvir (40mg) para os pacientes com depuração de creatinina > 30 mL/min, de acordo com o tempo de tratamento conforme a condição clínica.
ObjetivoAvaliar a eficácia e segurança da co-formulação do Glecaprevir (100mg) e Pibrentasvir (40mg) em pacientes com doença renal em estágio terminal (em hemodiálise) e monoinfectados pelo VHC na prática clínica real.
MétodosPacientes com DRC e em hemodiálise, com hepatite crônica C e idade > 18 anos, virgem de tratamento, sem coinfecção pelo HIV ou pelo vírus da hepatite B. Os pacientes independentes do genótipo, virgem de tratamento, sem cirrose, receberam 3 comprimidos da co-formulação do Glecaprevir (100 mg) e Pibrentasvir (40mg), uma vez ao dia, por via oral, por 8 semanas; com cirrose child A, foram tratados com 3 comprimidos da co-formulação do Glecaprevir (100mg) e Pibrentasvir (40mg) uma vez ao dia, por 12 semanas de acordo com o PCDT vigente. Todos os pacientes realizaram elastografia hepática e RNA do HCV 12 semanas pós tratamento para avaliar a resposta virológica sustentada (RVS).
ResultadosO estudo foi realizado com 22 pacientes. A idade média de 61 anos (41 a 80 anos) e 72% do sexo masculino. O tempo médio de hemodiálise foi de 5,2 anos (1 a 27 anos). A mediana RNA do VHC de 5,6 log. O genótipo 1 em 11 (50 %). 7 pacientes (31,8%) fibrose avançada (F4). 15 pacientes (68,1%) tratados por 8 semanas. RVS semana 12 foi de 100%, sem eventos adversos. Hipertensão arterial em 72,7 %,diabetes mellitus 59,0% e a dislipidemia 18,1%.
ConclusãoNeste estudo, o tratamento com Glecaprevir (100mg) e Pibrentasvir (40mg) independente do genótipo e do grau fibrose hepática, a taxa de resposta virológica sustentada (RVS) em pacientes infectados pelo VHC com doença renal em estágio terminal (DRES) foi de 100%, sem efeitos colaterais. Estes resultados apoiam a potencial adequação deste regime para esta população especial.