12° Congresso Paulista de Infectologia
More infoAg. Financiadora: CNPQ
Introdução:Atualmente, aproximadamente 38,8 milhões de pessoas no mundo são infectadas pelo Vírus da Imunodeficiência Humana, sendo quase 50% mulheres, a maioria em idade reprodutiva, o que pode impactar no risco de transmissão vertical (TV). O principal fator associado à TV é a carga viral (CV) materna. A Terapia Antirretroviral (TARV) é a medida mais eficiente de controle da CV. Ainda hoje faltam dados absolutos sobre os diferentes efeitos adversos da TARV em gestantes e seus recém nascidos expostos.
Objetivo: Avaliar os efeitos adversos da TARV contendo Efavirenz (EFV) em seu esquema, tanto de gestantes quanto de seus respectivos recém‐nascidos.
Metodologia: Estudo observacional, de coorte, retrospectivo. Consistiu em uma coorte de gestantes infectadas pelo HIV e seus recém‐nascidos expostos atendidos no CAISM‐UNICAMP de 2000 a 2018. Incluímos 116 mulheres infectadas pelo HIV que foram divididas em dois grupos: grupo 1, mulheres que tiveram a TARV alterada durante a gravidez; e grupo 2, mulheres que usaram TARV contendo EFV durante toda a gravidez. Os resultados de ambos os grupos foram comparados no final.
Resultados: No grupo 1 não foram encontradas malformações do tubo neural, dois casos de hemangioma, um de atresia de esôfago e outro de dilatação pielocalicial. No grupo 2, um caso de ventriculomegalia cerebral associada a toxoplasmose congênita, dois casos de macrocrania sem alterações estruturais do SNC. Assim, observamos uma baixa ocorrência de malformações associadas à medicação, com dados semelhantes à ocorrência da população geral ‐ 2 a 3%; e baixa ocorrência de efeitos adversos maternos e neonatais em relação às alterações hematológicas no grupo 2. No grupo 1, houve maior ocorrência de efeitos metabólicos associados ao uso de inibidores da protease do que à exposição ao EFV, pois a alteração foi realizada preferencialmente para uso de Lopinavir/ritonavir, substâncias retiradas do comércio de ARVs devido à alta ocorrência de efeitos metabólicos associados, mas que era o esquema preferido recomendado para gestantes no Brasil até 2015.
Discussão/Conclusão: Foi observada uma baixa ocorrência de efeitos adversos maternos e neonatais, principalmente no grupo 2, uma vez que a maioria das mulheres do grupo 1 teve sua TARV alterada para terapia contendo inibidores da protease. Assim, o uso do EFV no regime de TARV em gestantes em nosso serviço foi associado à baixa ocorrência de malformações e outros efeitos adversos, confirmando ser um medicamento seguro e ainda possível durante a gravidez.