XXIII Congresso Brasileiro de Infectologia
More infoOs carrapatos são ectoparasitas hematófagos obrigatórios que parasitam diversos vertebrados, incluindo o ser humano. São vetores de diversos patógenos e o gênero Amblyomma possui grande importância em saúde pública por transmitirem as diferentes espécies do gênero Rickettsia. As riquétsias são bactérias causadoras de enfermidades graves em humanos. O objetivo do estudo foi mapear a área de Mata Atlântica primária na Reserva Legado das Águas – Votorantim no Vale do Ribeira – SP, para carrapatos vetores e riquétsias, com a finalidade epidemiológica.
MétodosAs capturas foram realizadas de 01/2018 a 12/2021. Os carrapatos foram coletados de pequenos mamíferos capturados em armadilhas do tipo Shermann e Tomahawk. Os carrapatos obtidos de humanos foram retirados dos humanos após o retorno das trilhas. Os espécimes de vida livre foram coletados através de inspeção de folhagens, e todos os indivíduos foram identificados através de chaves dicotômicas. A extração de DNA foi feita utilizando a técnica de isotiocianato de guanidina e a detecção de riquétsias através de qPCR e cPCR utilizando como alvo os genes gltA e ompA. Após esta etapa os amplicons foram sequenciados e submetidos a análise de similaridade pelo BLAST.
ResultadosForam coletados 2.669 espécimes de três gêneros e 13 espécies, e a única espécie encontrada parasitando humanos foi Amblyomma incisum. Dos carrapatos coletados, 6.8% foram positivos para Rickettsia nos genes testados. A análise de similaridade identificou três espécies infectando carrapatos: Rickettsia bellii, em Amblyomma ovale, Amblyomma brasiliense, Ixodes loricatus e Haemaphysalis juxtakochi; Rickettsia parkeri cepa Mata Atlântica em A. ovale e Rickettsia rhipicephali em Há. Juxtakochi.
ConclusãoA área de estudo é constituída por mata primária com grande densidade e diversidade de mamíferos refletindo diretamente na densidade e diversidade de carrapatos identificados. A espécie mais abundante foi A. incisum, única encontrada parasitando humanos, negativa para a infecção por Rickettsia. R. parkeri cepa Mata Atlântica causa Febre Maculosa branda em humanos e foi detectada em A. ovale, única espécie incriminada na transmissão dessa doença. As demais espécies de riquétsias detectadas não apresentam relatos de doença em humanos. As áreas preservadas possuem menor circulação de riquétsias quando comparado a áreas com antropizadas, estando a doença intimamente relacionada ao desmatamento e urbanização de ambiente naturais.