12° Congresso Paulista de Infectologia
More infoAg. Financiadora: Secretaria da Saúde
Sessão: TEMAS LIVRES | Data: 01/12/2020 ‐ Sala: 2 ‐ Horário: 18:45‐18:55
Introdução: A dengue é uma arbovirose causada por um vírus (Família Flaviviridae, gênero Flavivirus) que possui quatro sorotipos circulantes (DENV‐1 a DENV‐4). É uma doença reemergente febril aguda, que se tornou um importante problema de saúde pública no Brasil, assim como em outras regiões tropicais.
Objetivo: Realizar uma análise descritiva dos casos de óbito relacionados à infecção pelo vírus da dengue encaminhados ao Centro de Patologia para diagnóstico.
Metodologia: Este foi um estudo transversal retrospectivo que incluiu óbitos, entre 2009 e 2018, cuja hipótese diagnóstica incluía dengue. Foram acessados os dados demográficos e os resultados de imuno‐histoquímica (IHQ) em tecido fixado em formalina e incluído em parafina (FFIP) e PCR em tecido congelado. Todos os procedimentos foram aprovados pelo comitê de ética institucional (CAAEE 96138818.0.0000.0059).
Resultados: Dos 1062 óbitos recebidos, em apenas 134 (13%) houve a detecção do vírus da dengue, por método antigênico (n=67; 50%), molecular (n=32; 24%) ou ambos (n=35; 26%). O sorotipo mais frequente foi o D1 (n=53; 79%). A maioria era do sexo feminino (n=73; 54%), entre 18 e 49 anos (n=67; 50%). Os municípios com maior número de óbitos positivos foram São José do Rio Preto (n=23; 14%), Ribeirão Preto (n=16; 10%) e São Paulo (n=13; 8%).
Discussão/Conclusão: Entre 2003 e 2019, o coeficiente de mortalidade do estado de São Paulo era 2,34 e nossos dados mostraram uma frequência representativa de detecção post‐mortem da infecção pelo vírus, demonstrando a importância do IAL na vigilância laboratorial desta arbovirose. No entanto, a baixa relação entre óbitos positivos/prováveis se destacou. A dengue possui um espectro sindrômico de sintomas que podem estar presentes em doenças infecciosas respiratórias e/ou ictero‐febril, levando a uma sub/supernotificação. Além disso, quando o tecido FFIP é o único disponível, o diagnóstico definitivo depende exclusivamente da detecção de antígeno viral por IHQ, visto que as lesões histopatológicas desta arbovirose não são patognomônicas. Entretanto, o método é limitado, com imunomarcação fraca ou ausente, de difícil interpretação. Os municípios com os maiores números de casos positivos estão localizados principalmente nas regiões noroeste e nordeste da capital, onde surtos sazonais foram observados em 2010 e 2015. Estas regiões necessitam de políticas públicas específicas principalmente para o desenvolvimento de metodologias mais sensíveis aplicadas ao material FFIP.