12° Congresso Paulista de Infectologia
More infoIntrodução: A criptococose é uma das principais causas de morte em pacientes HIV/aids, sendo o Cryptococcus neoformans o principal agente causador de meningite fúngica. É de grande relevância o estudo de novos compostos com potencial terapêutico para essa doença, devido as limitadas opções terapêuticas e a existência de resistência já descrita. Tratamento de eleição baseia‐se na combinação de anfotericina B e fluconazol, sendo que a monoterapia não é recomendada. O disseleneto de difenila (DD) é um composto orgânico de selênio com potencial atividade antifúngica devido a sua atuação como pró‐oxidante na célula fúngica.
Objetivo: Avaliar a atividade antifúngica do DD frente a isolados clínicos de C. neoformans de forma isolada e sua interação in vitro com anfotericina B e fluconazol.
Metodologia: 40 isolados clínicos de C. neoformans foram submetidos a microdiluição em caldo (M27 A3–CLSI) e determinando a concentração inibitória mínima (CIM–considerando 100% de inibição do crescimento fúngico) e a concentração fungicida mínima (CFM) do DD, testado em concentrações variando de 1‐64μg/mL. A interação do DD com fluconazol e anfotericina B de 10 dos isolados foi realizada por ensaio de checkerboard, com determinação do índice fracionário de concentração inibitória (FICI).
Resultados: 100% dos isolados avaliados foram inibidos pelo composto testado em concentrações ≤3 2μg/mL (média geométrica: 13,51μg/mL). Atividade fungicida do DD ocorreu em concentrações de 16‐>64μg/mL. O composto apresentou sinergismo com fluconazol em 70% (7/10) dos isolados, e a interação entre esses dois fármacos não resultou em antagonismo. Por outro lado, sinergismo com anfotericina B ocorreu em somente 20%, com antagonismo sendo evidenciado em 30%.
Discussão/Conclusão: Na literatura, existe apenas um estudo, conduzido por Rossato e colaboradores, 2019, descrevendo a ação do DD frente a Cryptococcus spp., no entanto esse estudo encontrou valores de CIM maiores do que a média do nosso experimento, com uma média geométrica de 51,98μg/mL e predominância de indiferença nas interações. Os nossos resultados reforçam o potencial do DD frente a C. neoformans, no entanto devemos considerar a interferência dos fatores de virulência do fungo, como a cápsula e a produção de melanina que não são bem representados no teste in vitro. Para isso é de máxima importância o seguimento destes estudos com modelos in vivo, buscando novas opções no tratamento da criptococose.