XXIII Congresso Brasileiro de Infectologia
More infoA avaliação do padrão da fibrose periportal (FPP) na esquistossomose mansoni é essencial, uma vez que permite determinar a gravidade da doença e prever complicações, como hemorragia digestiva. Essa análise é realizada pela ultrassonografia, porém apresenta limitações, como operadores treinados e disponibilidade de maquinário. Desta forma, vem-se utilizando biomarcadores para avaliar a FPP, dentre os quais se destaca o Índice Coutinho. O objetivo deste estudo foi analisar o desempenho do Índice Coutinho na avaliação do padrão da FPP, tendo como padrão-ouro a ultrassonografia.
MétodosEm 2019, foram avaliados 57 pacientes com FPP (idade 64 anos, 54,4% feminino) acompanhados em hospital de referência em Recife (HC-UFPE). Todos os pacientes realizaram US (Siemens Acuson S2000) pelo mesmo operador e o padrão da FPP foi definido pela classificação de Niamey. Os exames que compõem o Índice Coutinho [(FA/LSN) / plaquetas] x 100] foram realizados no Laboratório Central do HC-UFPE. As análises estatísticas foram realizadas pelo software SPSS versão 25 para Windows.
ResultadosO Índice Coutinho variou entre: 0,19 e 4,51 (Percentis 25 e 75 de 0,40 e 1,27, respectivamente). Foram observados os resultados de mediana do Índice Coutinho e P25-P75, respectivamente: 0,30 (0,21-0,36) para FPP padrão C (Periférica); 0,54 (0,36-0,79) para padrão D (Central) e 1,12 (0,87-1,67) para padrão E/F (Avançada / muito avançada). Quando as 3 medianas do Índice Coutinho foram comparadas entre si com os respectivos padrões de Niamey C x D x E/F, obteve-se p < 0,001; da mesma forma, quando comparados os padrões C x E/F e D x E/F. Além disso, observou-se associação entre os valores do Índice Coutinho e o padrão de FPP, de acordo com a classificação de Niamey, com o coeficiente de correlação de Spearman (r = 0,621; p < 0,001).
ConclusãoNesta série, observou-se que o Índice Coutinho foi capaz de diferenciar os pacientes com padrões mais leves de FPP daqueles com fibrose mais avançada. A utilização de testes não invasivos, de simples execução e baixo custo, auxiliam no diagnóstico dos padrões mais avançados de FPP, constituindo ferramenta importante nas zonas endêmicas.