Data: 19/10/2018 ‐ Sala: TV 10 ‐ Horário: 10:30‐10:35 ‐ Forma de Apresentação: E‐pôster (pôster eletrônico)
Introdução: Infecção bacteriana grave com incidência crescente em pacientes com Aids, a rodococose tem como principais agentes etiológicos o Rhodococcus equi e o R. rhodochrous. O Rhodococcus é taxonomicamente relacionado à Nocardia e ao Mycobacterium, o que é motivo de equívocos no diagnóstico. A transmissão acontece por exposição ao solo contaminado, predominantemente por via inalatória.
Objetivo: Relatar caso de rodococose, correlacionar achados e conduta clínica com dados da literatura.
Metodologia: Homem, 24 anos, tabagista, adestrador de cavalos em fazenda, com quadro de perda ponderal, febre vespertina e tosse mucopurulenta em dezembro de 2017, quando procurou serviço de saúde e foi diagnosticado com pneumonia bacteriana comunitária. Após alta hospitalar, manteve os sintomas e somou‐se ao caso sudorese noturna, tosse com hemoptoicos e hiporexia. Procurou unidade básica de saúde, onde foi diagnosticada infecção pelo HIV, foi encaminhado ao ambulatório do Hospital Universitário em março de 2018 para acompanhamento. Raios X de tórax evidenciou imagem com lesão cavitada, no entanto com pesquisa de BAAR negativa. Mesmo com o início do esquema para tuberculose (RHZE), paciente manteve o quadro. Após novos exames, a tomografia de tórax mostrou consolidação extensa, com micronódulos e cavidades de permeio. Mielograma e broncoscopia foram feitos, evidenciaram a presença de Rhodococcus spp tanto no lavado broncoalveolar como na medula óssea e sangue periférico, iniciou‐se, portanto, tratamento com ciprofloxacino e azitromicina.
Discussão/conclusão: Para o diagnóstico, é necessário evidenciar o patógeno, que é mais comumente isolado no sangue periférico. Ele se apresenta sob a forma de cocobacilos, gram‐positivos e fracamente acidorresistentes. Por sua vez, o paciente descrito apresentou cultura positiva para R. equi em três sítios: sangue periférico, lavado broncoalveolar e medula óssea. Disfunções do sistema imune, como infecção por HIV, destacam‐se como fator predisponente para rodococose e o R. equi tem sido cada vez mais isolado como patógeno oportunista. Além da infecção por HIV, a profissão do paciente em questão é outro fator de risco, pois a exposição ao solo contaminado com estrume herbívoro é provavelmente a principal via de entrada para o fungo, tanto em animais como em humanos. Assim, deve‐se suspeitar de diagnóstico de infecção por R. equi em pacientes imunocomprometidos com doença pulmonar cavitária e fatores de risco epidemiológico para doença.