Data: 18/10/2018 ‐ Sala: TV 9 ‐ Horário: 13:44‐13:49 ‐ Forma de Apresentação: E‐pôster (pôster eletrônico)
Introdução: Infecções causadas por S. aureus resistentes a meticilina (MRSA) são geralmente associadas à aquisição hospitalar. Porém, nas últimas décadas observou‐se o surgimento crescente de infecções causadas por esse patógeno em pacientes sem fatores de risco de exposição hospitalar. Em várias partes do mundo está bem descrita a ocorrência de MRSA adquirido na comunidade (CA‐MRSA). O S. aureus pode ser considerado parte da microbiota humana, com frequência variável de colonização, porém quebras da barreira cutânea ou diminuição da imunidade são associadas à doença. Gripe é um fator de risco reconhecido para estafilococcias.
Objetivo: Relatar o caso de uma criança que após uma infecção gripal evoluiu para uma sepse por S. aureus resistente a meticilina, evoluiu a óbito em poucas horas.
Metodologia: Criança de sexo masculino, um ano e nove meses, considerado lactante sibilante, de 10kg, deu entrada em um hospital da Grande São Paulo em 28/01 com convulsão febril. Em bom estado geral, admitida para observação de convulsão e investigação de causa, no 2° dia de internação diagnosticada com influenza A (teste rápido de secreção nasal positivo), imediatamente foi iniciado tratamento com oseltamivir. Por volta das 17h do 3° dia de internação apresentou pioria no quadro geral, foi estabelecido diagnóstico presuntivo de sepse de provável foco pulmonar, foram instituídas medidas de protocolo de sepse e início de terapia com ceftriaxone e claritromicina, com posteriores encaminhamentos à terapia intensiva, início de medidas de apoio gerais e passagem de cateter venoso central. Apresentou pioria progressiva do quadro, com sangramento abundante durante passagem de cateter, sem resposta a medidas de expansão e ventilatórias, evoluiu a óbito por volta da meia‐noite do mesmo dia. Após o óbito, positividade da hemocultura com identificação de S. aureus. A amostra foi levada para o laboratório de pesquisa, foram feitos testes moleculares para a identificação de genes de resistência, caracterização do tipo de SCCmec e genes de virulência. Confirmada a presença do gene mecA, SCCmec tipo IVa e presença dos genes icaA, icaB e icaD, SeiO, hla e hlb. O SCCmec IV é usualmente descrito em isolados de origem comunitária (CA‐MRSA) e os genes de virulência podem estar associados a quadro sépticos e tóxicos graves.
Discussão/conclusão: Infecção por CA‐MRSA com evolução fatal em criança com influenza alerta a comunidade médica para a relevância de diagnóstico etiológico precoce e instituição de terapia antimicrobiana adequada.