12° Congresso Paulista de Infectologia
More infoIntrodução: Os conceitos de Tratamento como Prevenção (TCP) e Indetectável=Intransmissível (I=I), apesar de serem embasados por sólidas evidências cientificas, permanecem desconhecidos por diversos profissionais da saúde.
Objetivo: Avaliar o grau de conhecimento sobre I=I e TCP por profissionais médicos de diferentes especialidades e seu impacto no aconselhamento sexual e reprodutivo de Pessoas Vivendo com HIV (PVHIV).
Metodologia: Estudo de corte transversal realizado entre novembro/2019 e fevereiro/2020 entre médicos do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Questionários de auto‐preenchimento compostos por questões objetivas e casos clínicos fictícios foram utilizados para a coleta de dados. Respostas fornecidas por especialistas em ginecologia e urologia foram comparados aos demais participantes. Fatores associados à atitude favorável a I=I foram avaliados em um modelo de regressão logística.
Resultados: Foram incluídos 197 profissionais médicos das seguintes especialidades: infectologia (n=79), clínica médica (n=21), medicina de família e comunidade (n=18), urologia (n=28) e ginecologia (n=51); 50% eram do sexo feminino, com mediana de idade de 31 anos. 170 (86%) eram heterossexuais e 149 (76%) eram caucasianos e 63 (32%) ainda estavam na residência. A maioria (73%) declarou que concorda/concorda fortemente com a afirmação de que PVHIV em tratamento com carga viral indetectável não transmitem HIV por via sexual. Entretanto, observamos importante diferença quando comparamos ginecologistas e urologistas (46%) e as demais especialidades (92%). No total, somente 52% declarou conhecer o conceito I=I e apenas 64% concorda/concorda fortemente que PVHIV devem ser informadas sobre isso. Ginecologistas/urologistas também recomendaram reprodução assistida mais frequentemente para o caso fictício de casal sorodiscordante sem infertilidade (p<0,001). No modelo ajustado para especialidade médica, idade, sexo, orientação sexual e raça, a especialidade médica (ginecologia/urologia) e idade mais elevada tiveram associação estatisticamente significante com atitude menos favorável ao conceito I=I (p<0,001 e p=0,005, respectivamente).
Discussão/Conclusão: Conceitos fundamentais sobre a transmissão e prevenção do HIV estão deficitários em algumas especialidades médicas. Melhorias na educação médica, especialmente para profissionais atuando nas áreas de saúde sexual e reprodutiva de PVHIV, são urgentemente necessárias.