Doença xantogranulomatosa é uma condição inflamatória rara, podendo acometer vários órgãos, mas com predomínio em território renal e em seguida em parede da vesícula biliar. Para tal, a característica inflamatória de uma colecistite xantogranulomatosa deve ser a presença de macrófagos ou histiócitos carregados de lipídeos (xantomas). Isto pode ser desencadeado por infecção, inflamação, processo histolítico ou um distúrbio lisossomal hereditário, presentes em várias síndromes. Por ser processo agressivo não é exclusivo do órgão envolvido e pode se estender para as estruturas adjacentes ao redor. Durante esta migração, apesar de pouco frequente, a possibilidade de associação com processo infeccioso pode ocorrer. Tal concomitância e sua raridade justificam a apresentação do atual relato de caso. Paciente sexo feminino, 58 anos de idade, diabética, apresentou dor no quadrante superior direito, vômitos, febre e leucocitose. Submetida a exame ecográfico o mesmo revelou acentuado espessamento da parede vesicular com faixa hipoecóica inferindo processo inflamatório agudo. Porém havia borramento parcial da parede vesicular com imagem de baixa densidade no parênquima hepático e a possibilidade de neoplasia da vesícula com invasão hepática foi aventada. Submetida a tomografia computadorizada demonstrou esparsos xantogranulomas parietais na vesícula e definiu melhor o comprometimento hepático como abscesso hepático perivesicular, confirmado durante avaliação cirúrgica. O diagnóstico diferencial para espessamento da parede da vesícula biliar como observado no presente caso é amplo, incluindo cirrose, insuficiência cardíaca, insuficiência renal, hepatite e carcinoma. As características de abscesso hepático estão bem definidas na prática médica cotidiana e a inter-relação de exames colabora para definição diagnóstica mais precisa. Os métodos de diagnóstico por imagem apresentam sensibilidade similar, com algumas vantagens da tomografia computadorizada devido sua melhor definição dos órgãos avaliados, não ser método operador dependente, permitindo reavaliações e discussões posteriores por diferentes profissionais. Estudos recentes tem demonstrado alguns benefícios complementares da ressonância magnética. Porém a escolha dos procedimentos está na dependência da disponibilidade destes recursos em diferentes localidades.
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Vol. 26. Issue S1.
(January 2022)
Vol. 26. Issue S1.
(January 2022)
PI 177
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COLECISTITE XANTOGRANULOMATOSA ASSOCIADA A ABSCESSO HEPÁTICO
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