A hanseníase é uma doença infecciosa, contagiosa de evolução crônica, causada pelo Mycobacterium leprae, a qual tem tropismo pelo sistema nervoso periférico, acometendo nervos e tendo predileção pela pele. Na conjuntura dessa patologia, as reações hansênicas tipo 1 e 2 são responsáveis pelas sequelas tanto físicas quanto psíquicas, por tempo indeterminado. Evidencia-se que qualquer paciente com hanseníase corre risco de ter reações hansênicas, na medida em que essas são reflexos da resposta imunológica do paciente, podendo ocorrer durante terapia ou até mesmo após alta medicamentosa. Este trabalho objetiva caracterizar o perfil sociodemográfico e clínico dos episódios reacionais em pessoas acometidas pela hanseníase no estado de Rondônia, 2020.
MetodologiaTrata-se de um estudo descritivo, com base em dados secundários extraídos da ficha de notificação de reações hansênicas no Sistema de Notificação e Agravos (SINAN), disponibilizados pelo DATASUS.
ResultadosNo estado de Rondônia, em 2020, foram notificados 447 pacientes com episódio reacional, 257 (57,4%) são homens, desses 24 (9,3%) tiveram reação tipo 1, 5 (1,9%) tiveram reação tipo 2, 1 (0,3%) teve reações tipo 1 e 2, 94 (36,5%) não tiveram reações e 133 (51,7%) com informações não preenchidas. Desses, 190 (42,5%) são mulheres, 21 (11%) com reação tipo 1, 4 (2,1%) com reação tipo 2, 1 (0,5%) com reações tipo 1 e 2, 79 (41,5%) não tiveram reação e 85 (44,7%) sem informações preenchidas. Do total de pacientes com reação, 12 (3,1%) têm de 0-14 anos e 435 (97,3%) têm acima de 15 anos. Do total notificado, em relação à incapacidade, 224 (50%) são grau 0, 132 (29,5%) são grau 1, 47 (10%) são grau 2, 13 (2,9%) não avaliados e 31 (6,9%) não preenchidos. Do total, 148 (33,1%) tiveram baciloscopia positiva, 209 (46,7%) baciloscopia negativa, 59 (13,1%) com baciloscopia não realizada e 31 (6,9%) não preenchidos.
ConclusãoEvidencia-se, diante da análise dos dados pelo SINAN do estado de Rondônia, a necessidade de maior orientação acerca do planejamento diante das reações hansênicas. Estreita-se na necessidade de uma melhor capacitação dos profissionais de saúde, bem como o maior preenchimento de dados informacionais acerca das reações, visto que é significativo o número de notificações insuficientes - fato que prejudica a detecção e manejo nesse estado - o que corrobora para o aumento do grau de incapacidade ocasionado pelos episódios reacionais.