XXIII Congresso Brasileiro de Infectologia
More infoA equipe que atua nos cuidados ao paciente muitas vezes não tem acesso e/ou conhecimento dos indicadores de infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS). Desta forma, a comunicação efetiva dos dados pelo gestor e a equipe do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH) poderia ter um impacto positivo nas ações de melhoria da assistência. Este trabalho tem o objetivo de descrever uma estratégia de divulgação dos dados e de reconhecimento do desempenho da equipe multiprofissional através da certificação de tempo sem IRAS associadas a dispositivos invasivos em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) oncológica.
MétodosRelato de experiência de ações de incentivo às boas práticas na prevenção de IRAS, em um hospital público universitário de referência em Oncologia em São Paulo. Foram avaliadas três UTIs (1, 2 e 3), no total de 70 leitos, no período de janeiro/22 a março/23. Foi realizado o levantamento de casos e da Densidade de Incidência (DI) de Infecção de Corrente Sanguínea associada a Cateter Venoso Central (ICS-CVC), Infecção do Trato Urinário associada a Cateter Vesical de Demora (ITU-CVD) e Pneumonia Associada à Ventilação mecânica (PAV). As unidades que atenderam aos requisitos foram certificadas (Bronze: 3 meses; Prata: 6 meses; Ouro: 9 meses e Diamante: 12 meses sem IRAS por topografia associadas a dispositivos). A certificação ocorreu no fechamento de cada trimestre, na reunião de devolutiva das IRAS entre SCIH, equipe multidisciplinar da UTI e diretoria executiva.
ResultadosA UTI 1 recebeu duas vezes o certificado Bronze de ITU-CVD (sem IRAS de julho a setembro/2022 e de janeiro a março/2023) e um certificado Prata de PAV (sem IRAS de outubro/22 a março/23). A UTI 2 recebeu o certificado Ouro de ITU-CVD (sem IRAS de julho/22 a março/23). A UTI 3 recebeu o certificado Diamante de ITU-CVD (sem IRAS desde julho/21). Nenhuma unidade alcançou a certificação de tempo sem ICS-CVC (mínimo de 3 meses). Houve redução da incidência de infecções associadas a dispositivos invasivos (queda de 60,8% da DI PAV; 39,1% de DI ITU-CVD e 51,8% de DI ICS-CVC) nas UTIs em 2022, em comparação com o ano anterior.
ConclusãoA divulgação dos dados de IRAS e o reconhecimento do desempenho da equipe da UTI, através da entrega de certificados de tempo sem IRAS, pode ser uma importante ferramenta motivacional visando uma melhor adesão às boas práticas pela equipe assistencial, e diminuição da DI de infecções associadas a dispositivos invasivos.