12° Congresso Paulista de Infectologia
More infoIntrodução: Os fungos do Complexo Sporothrix schenckii são os agentes da esporotricose, micose subcutânea crônica, zoonótica e que possui caráter endêmico em alguns locais do Brasil, como o Rio de Janeiro, e possivelmente os estados da região Sul do país (Rodrigues et al., 2016; Poester et al., 2018). Os animais domésticos, principalmente gatos, ganharam destaque em sua ecologia, sendo uma das principais pontes de transmissão da doença para humanos no Brasil (Gremião et al., 2017). Relatos e pesquisas já têm demostrado a resistência destes microrganismos a antifúngicos como itraconazol, droga de eleição para tratamento da doença, mostrando a importância do acompanhamento dos dados sobre estes fungos e a doença (Gompertz et al., 2016).
Objetivo: Fornecer dados sobre isolados de fungos do Complexo Sporothrix schenckii obtidos pelo Laboratório de Diagnóstico Microbiológico da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (LDMV/UFRRJ), contribuindo para acompanhamento epidemiológico da esporotricose em nossa região.
Metodologia: Foram analisadas tabelas de dados de casuística feitas em software Excel® referentes a amostras de animais com sinais clínicos compatíveis à esporotricose recebidas nos anos de 2018, 2019 e 2020 pelo LDMV/UFRRJ do município de Seropédica‐RJ. Foram levados em consideração dados como número de isolados fúngicos, espécie e sexo.
Resultados: Entre janeiro de 2018 e agosto de 2020 foram isolados 103 fungos pertencentes ao complexo Sporothrix schenckii, sendo 70 provenientes de amostras de gatos e 33 de cães. 67,96% das amostras são de animais machos, sendo a minoria pertencente a fêmeas.
Discussão/Conclusão: A epidemiologia da esporotricose no Rio de Janeiro envolve, principalmente, os felinos domésticos, que por seus hábitos de defesa e caça, características mais evidentes em machos, tornam esses animais mais susceptíveis a contrair e disseminar a doença. Tais fatos podem ser observados pelos dados aqui apresentados. O aumento na população de felinos como animais de companhia pode estar ocasionando a maior exposição dos cães a doença, visto que o número de casos de esporotricose vem crescendo para esta espécie.
Fica evidente a considerável presença da esporotricose nos animais em nossa região e o grande risco zoonótico a que a população está exposta, alertando ainda mais para os cuidados que devemos ter para a relação “animais de companhia‐pessoas” e com os dados epidemiológicos relacionados a esta doença.