XXIII Congresso Brasileiro de Infectologia
More infoEm 2016, o Brasil se comprometeu a eliminar as hepatites virais como problema de saúde pública até 2030 ao aderir à Estratégia Global do Setor de Saúde. Para estabelecer metas nacionais, o Ministério da Saúde, em parceria com a Fundação Center for Disease Analysis (CDAF), utilizou um modelo matemático com dados até 2016 para estimar a prevalência da hepatite C. O estudo apontou que 0,53% da população geral apresentava anti-HCV e que havia 632.000 pessoas com HCV-RNA+ (0,31% da população). Em 2022, os dados dessa estimativa foram atualizados para avaliar o impacto da pandemia da covid-19 no progresso do Brasil em direção à eliminação da hepatite C.
MétodosUtilizou-se a ferramenta1 The Hepatitis C Health Policy Tool, desenvolvida e disponibilizada pela CDAF. Trata-se de um modelo de Markov de progressão da doença, construído no Microsoft Excel® para quantificar o tamanho da população com vírus da hepatite C. Ele foi preenchido e calibrado usando dados epidemiológicos específicos do Brasil para prever a carga da doença em diferentes cenários. Foram inseridos dados de pessoas tratadas até o ano de 2022.
ResultadosHouve uma redução de 41% na média de pessoas tratadas no triênio 2020-2022, em comparação ao triênio anterior. A prevalência estimada em 2023 foi de 510,4 mil pessoas HCV-RNA+, correspondendo a 0,24% da população. Também foi possível estimar a incidência média de 3,1 novas infecções por 100 mil habitantes e mortalidade de média de 1,3 óbitos por 100 mil habitantes entre 2016 e 2022.
ConclusãoSegundo a prevalência atualizada, o Brasil já atingiu as metas de incidência e mortalidade propostos pela Organização Mundial da Saúde (até 5 novas infecções por 100 mil habitantes e até 2 óbitos por 100 mil habitantes respectivamente). No entanto, caso a redução do número de pessoas tratadas observada no período pandêmico se mantenha, em 2030, o Brasil atingiria apenas 60,8% da meta para eliminação. Portanto, para garantir que o país continue progredindo na eliminação da hepatite C, é essencial aumentar o número de diagnósticos de novas infecções e, consequentemente, intensificar o tratamento para um maior número de pessoas.
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Blach S, Zeuzem S, Manns M, Altraif I, Duberg A-S, Muljono DH, et al. Global prevalence and genotype distribution of hepatitis C virus infection in 2015: a modelling study. Lancet Gastroenterol Hepatol. 2017;2:161-76.