XXIII Congresso Brasileiro de Infectologia
More infoA hepatite C é uma doença de prevalência global e é considerada a principal causa de óbitos por hepatites virais no Brasil. Apesar da alta eficácia do tratamento antiviral, grande proporção dos indivíduos infectados desconhece o diagnóstico ou não tem acesso à terapia. Dessa forma, o presente trabalho objetivou avaliar o acesso ao serviço especializado, a qualidade de assistência e a resposta terapêutica de pacientes com hepatite C crônica, no município de Divinópolis, MG.
MétodosTrata-se de estudo transversal realizado por meio de avaliação dos registros de prontuários de pacientes com diagnóstico de Hepatite C e com idade igual ou superior a 18 anos, atendidos no Serviço de Assistência Especializada (SAE) de Divinópolis, MG. Foram excluídos os pacientes com história de tratamento antiviral previamente ao início do acompanhamento no SAE, assim como os pacientes co-infectados pelo HIV. A coleta de campo ocorreu de maio de 2022 a maio de 2023. Foram avaliadas informações clínicas, comportamentais, relacionadas ao acompanhamento e ao tratamento. Foi realizada análise descritiva das variáveis selecionadas, com distribuição de proporções e medidas de tendência central.
ResultadosDentre 284 pacientes incluídos (71,8% do sexo masculino), 48,9% tinham história de uso de drogas ilícitas e 35,5% informaram consumo ativo de bebida alcoólica no momento da primeira consulta. Quase um terço (30,6%) tinham evidências de cirrose hepática. Os resultados mostram que 236 (83,1%) apresentaram carga viral detectada, 159 (56,0%) tiveram prescrição do esquema terapêutico, 115 (40,5%) iniciaram o tratamento, 97 (34,2%) o completaram, e 30,3% (86) obtiveram cura da infecção. Quase metade da amostra (48,2%) abandonou o acompanhamento. O tempo médio de acompanhamento no serviço foi de 23 meses, sendo 13 meses o tempo médio entre o diagnóstico e a primeira consulta, e 16 meses o tempo médio entre o primeiro exame confirmatório e o início do tratamento.
ConclusãoApesar das estratégias globais para o combate à Hepatite C, permanecem evidentes os entraves relacionados ao acesso ao serviço, à retenção e ao acompanhamento do tratamento. É necessário intensificar a busca por melhorias nos serviços de saúde, incluindo a ampliação da oferta de profissionais e a adoção de estratégias para otimizar a adesão ao serviço e ao tratamento, buscando melhorar os indicadores da cascata do cuidado desde o diagnóstico até a cura da Hepatite C.