12° Congresso Paulista de Infectologia
More infoAg. Financiadora: FAPESP
Nr. Processo: 2017/10264‐6
Introdução: O vírus varicela‐zoster (VZV) causa varicela em crianças e adultos jovens. Após infecção aguda permanece latente nos neurônios ganglionares. Em caso de reativação pode causar herpes zoster (HZ) e, mais raramente, infecção de sistema nervoso central (ISNC), destacando‐se meningites, encefalites ou meningoencefalites (MEM). A introdução da vacina para varicela ou HZ é fenômeno recente e manifestações clínicas associadas ao vírus vacinal têm sido descritas na literatura. No Brasil, são escassos dados relativos às características clínicas ou moleculares de quadros de MEM associados ao VZV.
Objetivo: Determinar características clínicas e moleculares dos quadros de ISNC.
Metodologia: Foram incluídos 600 pacientes com ISNC atendidos no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP) ou em serviços médicos de menor complexidade, sob coordenação do Laboratório Senne (LS), entre março de 2018 a dezembro de 2019. A confirmação etiológica foi realizada em liquor, através das plataformas XGEN UMLTI N9® (Biometrix Diagnóstica, Brasil) e FilmArray® (bioMérieux, França). Uma alíquota do material foi encaminhada ao Laboratório de Virologia do Instituto de Medicina Tropical, onde a caracterização das cepas (vírus vacinal ou selvagem) foi realizada por PCR em tempo real, conforme Campsall et al., 2004.
Resultados: Foram incluídos 157 casos de ISNC do HCFMUSP e 443 casos do LS. Dentre os casos procedentes do HCFMUSP e LS, o VZV foi identificado em 13 (8,2%) e 18 (4,1%) casos, respectivamente, perfazendo 31 casos no total (5,2%). Não houve predominância de sexo entre os grupos. A idade média foi 52 anos no grupo HCFMUSP e 36 anos no grupo LS. Lesões cutâneas sugestivas VZV foram observadas em 8 indivíduos no grupo HCFMUSP e em 3 indivíduos no grupo LS. Nove pacientes atendidos no HCFMUSP apresentavam antecedente de imunossupressão, sendo mais frequente transplante de órgãos sólidos (38,5%) e apenas um caso de imunossupressão foi identificado no grupo do LS (infecção pelo HIV). A caracterização molecular da cepa foi possível em 26 dos 31 casos, observando‐se em todos presença da cepa selvagem.
Discussão/Conclusão: 1‐Casos de MEM foram mais frequentes entre os pacientes atendidos no HCFMUSP e acometeu, em sua maioria, indivíduos com antecedentes de imunossupressão; 2‐Ausência de lesões cutâneas, concomitantes ao quadro neurológico, foi frequente entre os pacientes analisados; 3‐A presença de cepa vacinal não foi identificada na casuística estudada.