XXIII Congresso Brasileiro de Infectologia
More infoA leishmaniose tegumentar americana é uma patologia infecciosa causada por diferentes espécies do protozoário Leishmania e transmitida através de mosquitos do gênero Lutzomyia. É considerada um problema de saúde pública no Brasil e uma das 6 mais importantes doenças infecciosas pela Organização Mundial da Saúde, devido a sua alta prevalência e capacidade de causar deformidades. Ela caracteriza-se como uma doença endêmica no país, em especial nos estados da Amazônia. Portanto, buscou-se nesse estudo definir o perfil epidemiológico da população atingida pela leishmaniose tegumentar no estado do Amapá entre 2018 e 2022.
MetodologiaRealizou-se um estudo descritivo a partir do uso de dados secundários, coletados do Sistema de Informação de Notificação de Agravos (SINAN), por meio da plataforma do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS).
ResultadosEntre os anos de 2018 e 2022, o estado do Amapá apresentou o total de 3.088 casos notificados de leishmaniose tegumentar americana. Ao analisar os anos, observa-se que 2020 teve a maior incidência, com 25,7% dos casos, seguido por 2018 com 24,8%. Quanto à divisão de casos por sexo, é bastante expressiva a predominância dos casos da doença no sexo masculino (78,4%). Na distribuição racial, também nota-se a concentração de casos em indivíduos da cor parda, com 75% do total. A faixa etária mais atingida foi a de adultos entre 20 a 39 anos (47,5%). Além disso, evidencia-se uma proporção significativa de casos na população de baixa escolaridade, com destaque para o grupo com 5ª a 8ª série incompleta (20,8%). Os municípios com os maiores números foram Macapá e Laranjal do Jari, com 22,6% e 20,29% respectivamente. Destaca-se também a quase totalidade de casos representada pela forma cutânea da doença (98,8%) em relação à forma mucosa, com a maioria evoluindo para cura (65,71%), apesar da alta taxa de abandono (20,7%).
ConclusãoDiante do exposto, pode-se concluir que, entre 2018 e 2022, a população acometida pela leishmaniose tegumentar americana no estado do Amapá foi predominantemente masculina, de cor parda, de baixa escolaridade e com a forma cutânea da doença. Percebe-se também a persistência do número elevado de casos no estado, apesar da queda após 2020, além de uma alta taxa de abandono. Assim, os dados refletem a importância de promover o diagnóstico adequado e a adesão do paciente ao tratamento da leishmaniose, tendo em vista o seu impacto na qualidade de vida da população.