XXIII Congresso Brasileiro de Infectologia
More infoNocardia é uma bactéria filamentosa, gram-positiva, aeróbica que pode ser encontrada em solo, matéria orgânica e em ambientes aquáticos. Infecções em humanos decorrem usualmente de inoculação direta ou inalação, ocorrendo principalmente em contexto de imunossupressão.No entanto, séries recentes de estudos inferiram uma prevalência entre 18-45% em imunocompetentes. Paciente feminina, 50 anos, sem comorbidades, realizou meniscectomia parcial de menisco medial de joelho por lesão em corno posterior. Após 1 semana da intervenção cirúrgica, inicia com repetidas deiscências de sutura e sinais de infecção de pele e partes moles, sem melhora após uso de cefalexina e ciprofloxacino. Apresentou quadro de artrite séptica em 40° pós-operatório, sendo realizada drenagem cirúrgica com coleta de material para cultura, posteriormente positiva para Nocardia nova. Optado por realizar sulfametoxazol+trimetoprim 1600+240 mg tid por 21 dias associado a amicacina 15 mg/kg por 3 dias, com alta para seguimento ambulatorial. A apresentação clínica mais comum de Nocardia é pulmonar, mas pode manifestar-se por infecção disseminada, cutânea ou no sistema nervoso central. O crescimento é lento e progressivo, podendo necessitar de até 2 semanas de incubação, sendo importante notificar o laboratório de microbiologia sobre a possibilidade de nocardia.Não há consenso sobre o tratamento otimizado de infecção por nocardia, muitas vezes necessitando de combinações de antimicrobianos baseadas em perfil de sensibilidade, associado à evidência retrospectiva e observacional. Frequentemente, a terapia combinada é indicada inicialmente, com sulfametoxazol + trimetoprim como droga de escolha no esquema, seja como base da combinação ou até como droga única.O tempo de tratamento pode variar de 1 a 3 meses em imunocompetentes com lesão de pele leve a até mais que 1 ano em pacientes imunossuprimidos com nocardiose disseminada. No caso de artrite séptica sem infecção de prótese associada, a monoterapia levou a uma alta taxa de cura (86%) com tratamento médio de 12 semanas, com opção de combinação de antimicrobianos inicialmente para melhora clínica mais rápida, associado a drenagem cirúrgica.