12° Congresso Paulista de Infectologia
More infoAg. Financiadora: Própria
Sessão: TEMAS LIVRES | Data: 01/12/2020 ‐ Sala: 1 ‐ Horário: 18:45‐18:55
Introdução: A violência sexual (VS) é um problema de saúde pública global e subnotificado. O diagnóstico, tratamento e oferta de profilaxia para infecções sexualmente transmissíveis após o episódio de VS ainda é um desafio pois depende do tempo de chegada profilaxia pós‐exposição para o HIV e dependente da adesão das vítimas para seguimento das outras ISTs.
Objetivo: Descrever as características e prevalência de HIV/IST das vítimas de violência sexual antes e depois de 72 horas após o episódio de violência sexual.
Metodologia: Neste estudo transversal comparamos as vítimas de VS que procuraram atendimento antes e após 72 horas (72h) e em até 6 meses após o episódio de VS. Analisamos variáveis demográficas, clínicas e relacionadas à VS usando testes qui‐quadrado, testes Wilcoxon Rank‐Sum.
Resultados: Foram incluídas 394 vítimas de SV que procuram o NAVIS‐HCFMUSP, em São Paulo, no período de 2001 e 2018. Destas, 216 (76%) eram do sexo feminino, com mediana de idade de 21 (intervalo interquartil‐IIQ 11‐29) anos, 274 (70%) de cor de pele branca. As 120 (30,5%) vítimas que procuraram atendimento após 72h do episódio de VS eram mais jovens 17 (IIQ 7‐29) anos, com menor escolaridade 7 (IIQ 1‐11) anos e mais frequentemente não brancas 43 (36%) e com deficiência física ou mental 14 (12%). Estas também referiram com maior frequência episódios de violência repetidos 29 (25%), próximo ao domicílio 46 (38%) e por perpetrador conhecido 58 (54%). Embora as vítimas que procuram atendimento antes das 72h do episódio de VS sofreram intimidação física com mais frequência 216 (79%), a intimidação verbal 52 (43%) foi mais comum naqueles que procuram atendimento após 72h. O episódio de VS foi reportado às autoridades de segurança pública em apenas 20% dos casos. Os resultados das ISTs pesquisadas foram: herpes vírus 5 (1%), clamídia 9 (3%), gonococo 1 (1%), HPV 6 (12%), tricomonas 0 (0), sífilis 6 (2). Neste estudo não houve diferença da prevalência de ISTs/HIV encontrada nas vítimas que procuram o NAVIS‐HCFMUSP antes e após 72 horas do episódio de VS.
Discussão/Conclusão: As vítimas de VS que chegaram após as 72h eram mais frequentemente indivíduos socialmente vulneráveis. As políticas de saúde devem priorizar as intervenções que visam melhorar o acesso a cuidados médicos para prevenção de ISTs/HIV das VVS.