Data: 18/10/2018 ‐ Sala: TV 3 ‐ Horário: 13:58‐14:03 ‐ Forma de Apresentação: E‐pôster (pôster eletrônico)
Introdução: Infecções transmitidas pelo enxerto ocorrem precocemente e estão associadas a considerável morbidade e mortalidade. A transmissão de infecções bacterianas através de doadores bacterêmicos é documentada e pode levar a infecções graves e redução de sobrevida do enxerto no transplante hepático.
Objetivo: Conhecer a frequência de bacteremia entre doadores de órgãos para transplante para propor medidas preventivas tanto para doadores como para receptores de transplantes, reduzir a rejeição de órgãos e o impacto clínico em receptores de doadores bacterêmicos.
Metodologia: Entre 2013 e 2017, todos os doadores de transplantes para o programa de transplante hepático do Hospital Municipal Vila Santa Catarina/Hospital Israelita Albert Einstein foram avaliados com relação à presença de bacteremia. As amostras foram coletadas de maneira estéril, durante a retirada do enxerto hepático e diretamente da veia cava inferior. As amostras foram inoculadas nos frascos Bactec™ Plus Aerobic/F e Bactec™ Plus Anaerobic/F e incubadas no sistema automatizado BD Bactec™ FX. A identificação dos isolados foi feita com o Maldi‐TOF. Para detecção do perfil de susceptibilidade foram usados métodos automatizados (Vitek system) e manuais (microdiluição em caldo, disco‐difusão e difusão por gradiente de concentração) de acordo com a espécie.
Resultado: Dos 355 doadores, 149 (41.97%) eram do sexo feminino, 122 (34,37%) tiveram traumatismo craniano como causa da morte, a média de idade foi de 43,9 (± 15,5) anos, a média de dias na UTI foi de 5,5 (± 5,6) dias, a mediana do número de leucócitos foi de 15.000; 62 pacientes (17,5%) tinham hemoculturas positivas com 71 bactérias isoladas. Entre os agentes isolados, 44 (62%) eram gram‐positivos, 24 (34%) eram gram‐negativos e três (4%) eram fungos. Staphylococcus coagulase negativa (27), Klebsiella sp (seis), S. aureus (cinco) e Enterococcus sp (cinco) foram os agentes mais isolados. Todos os isolados de S. aureus eram sensíveis a oxacilina, 50% dos isolados de Enteroccus sp. eram resistentes a vancomicina e dos gram‐negativos 33% eram resistentes a meropenem.
Discussão/conclusão: A porcentagem de doadores de órgãos com bacteremia é relevante, com participação importante de bactérias multirresistentes, em especial entre gram‐negativos. Em função das consequências potencias para os receptores, um programa nacional para coleta sistemática de hemoculturas e tratamento adequado de receptores baseado nos resultados obtidos é necessário.