XXIII Congresso Brasileiro de Infectologia
More infoA depressão é subdiagnosticada e subtratada em pessoas vivendo com HIV/Aids (PVHA). Considerando que fatores psicológicos têm um profundo impacto no tratamento da infecção pelo HIV, é fato que a depressão influencia na disposição dos pacientes em iniciar e manter a terapia antirretroviral (TARV), sendo um preditor de resultados clínicos negativos. Por isso, o reconhecimento, tratamento e monitoramento constante da depressão é essencial para o sucesso a longo prazo da TARV e o aumento da qualidade de vida em pacientes com HIV. O objetivo do estudo foi avaliar a prevalência de sintomas depressivos e suas implicações nas PVHA acompanhadas nos ambulatórios do Hospital Giselda Trigueiro (Natal/RN).
MétodosFoi realizado um estudo transversal a partir de dois questionários: o socioeconômico e o Inventário de Depressão de Beck (IDB). O IDB é um instrumento de auto-avaliação de depressão, o qual foi traduzido e validado para utilização no Brasil. Quanto maior a pontuação do indivíduo no inventário, maior a gravidade da depressão. Em relação aos pontos de corte, a classificação adotada foi: de 0 a 13 como ausência de depressão; de 14 a 19 como depressão leve; de 20 a 28 como depressão moderada; e acima de 28 como depressão severa.
ResultadosNa amostra de 72 participantes, 40% dos pacientes apresentaram sintomas depressivos indicativos de depressão pelo IDB, sendo 12,5% depressão leve, 8,75% depressão moderada e 8,75% depressão severa. Dentre esses, pessoas do sexo feminino, heterossexuais e que moram com mais indivíduos na mesma residência apresentaram maiores relações com a depressão. O estigma negativo gerado pelo diagnóstico e o impacto na qualidade de vida pode fazer com que os indivíduos adotem condutas de isolamento, dificuldade de enfrentamento dos problemas, assim como perda da identidade e ideação suicida. Alguns fatores relacionados com a alta prevalência de depressão e ansiedade em pessoas diagnosticadas com HIV são a falta de uma rede de apoio social e o medo de revelar o diagnóstico.
ConclusãoEssa análise alerta para a necessidade de se desenvolver intervenções terapêuticas e preventivas voltadas para a população de PVHA, levando em consideração a prevalência desses transtornos relacionados à saúde mental e suas consequências na qualidade de vida.