XXIII Congresso Brasileiro de Infectologia
More infoEm 2017, o dolutegravir (DTG) passou a ser recomendado com associação com lamivudina (3TC) e tenofovir (TDF) em dose fixa combinada como esquema inicial preferencial em pessoas vivendo com HIV (PVHIV) iniciando a terapia antirretroviral (TARV). Considerando a crescente utilização do DTG, avaliar adesão à TARV é fundamental para alcançar a supressão viral e minimizar o surgimento de falha virológica (FV). O presente estudo objetiva-se avaliar a adesão em indivíduos iniciando a TARV com DTG e apresentaram FV confirmada pelo teste de genotipagem.
MétodosEstudo de coorte retrospectiva utilizando informações obtidas pelo linkage entre bancos nacionais de dispensação de antirretrovirais e exames laboratoriais. Foram incluídos os indivíduos que iniciaram a TARV com esquemas contendo DTG e em algum momento do tratamento realizaram troca da TARV entre janeiro de 2017 e dezembro de 2019, no Brasil. Dados sociodemográficos, clínicos e relacionados ao tratamento foram obtidos com base nos registros de dados disponibilizados pelo Ministério da Saúde ao Grupo de pesquisa GEADIC. A adesão foi mensurada pela proporção de dias cobertos (PDC >80%) utilizando o cálculo CMA6 que permite mensurar o intervalo de dispensação de antirretrovirais pelo Sistema de Controle Logístico de Medicamentos (SICLOM) em diferentes intervalos. Os dados laboratoriais de CD4+ e carga viral (CV) foram obtidos pelo Sistema de Controle de Exames Laboratoriais (SISCEL) e a FV confirmada pelo teste de genotipagem no Sistema de Controle de Exames de Genotipagem (Sisgeno). Foi utilizado o pareamento probabilístico entre os três bancos e a biblioteca Python FuzzyWuzzy para a deduplicação dos dados. As análises foram realizadas utilizando o software SPSS v.22.
ResultadoA amostra foi de 12.071 indivíduos, sendo 59,9% do sexo masculino, com idade ≥ a 40 anos (36,1%) da cor parda (38,0%) com média de 8 a 11 anos de estudo (22,7%), sem cônjuge (42,78%), CV-HIV detectável (34,0%), CD4+ > 500 cópias/mL (4,4%). Houve registro de FV em 0,8%. A adesão à TARV foi 68%. O grupo com registro com FV apresentou mais chance de ser não aderente (OR = 1,32), mas não houve significância estatística na associação (IC95%0,93-1,86; p = 0,111).
ConclusãoOs resultados encontrados reforçam a necessidade de reconhecer precocemente a falha virológica e demonstram a importância de investigar os fatores associados a não adesão a TARV e ao surgimento de FV no início da TARV.