Após o advento da terapia antirretroviral, a história natural da infecção pelo HIV parece ter ganhado novos caminhos. Porém apesar de ter proporcionado mudanças significativas na vida destes indivíduos que passaram a conviver com uma doença crônica, são poucos os estudos que estudam a qualidade de vida dessa população no Brasil, especialmente na região amazônica. Dessa forma, este trabalho teve como objetivo avaliar a qualidade de vida de pessoas vivendo com HIV/Aids que fazem terapia antirretroviral atendidas no ambulatório de um hospital universitário da região amazônica.
MétodosDelineamento descritivo e transversal realizado com 208 usuários cadastrados em um serviço ambulatorial especializado em atendimento a pessoas vivendo com HIV/Aids do hospital universitário de ensino João de Barros Barreto na cidade de Belém-PA. Os dados foram coletados nos meses de novembro e dezembro de 2019, por meio de um formulário contendo variáveis sociodemográficas e por meio do instrumento específico WHOQOL-HIV Bref, desenvolvido pela Organização Mundial da Saúde para avaliação da qualidade de pessoas vivendo com HIV/Aids. O projeto de pesquisa foi aprovado sob o n° Certificado de Apresentação para Apreciação Ética (CAAE): 13425119.0.0000.0019 e n° CAEE: 13425119.0.3001.0017.
ResultadosA maioria dos participantes eram homens, heterossexuais, solteiros, com ensino médio completo, de baixa renda, que consideravam bom o seu estado de saúde atual e não se consideravam doentes, adquiriram HIV/Aids por meio de relação sexual e que apresentavam CD4 e carga viral acima de 350 células/mm3 e abaixo de 50 cópias respectivamente. O maior escore do WHOQOL-HIV Bref médio foi encontrado no domínio espiritual 17,1 (± 2,8) e o menor no domínio nível de independência 14,2 (± 2,8). Observou-se de forma geral correlações moderadas positivas e que apenas a correlação entre os domínios nível de independência e espiritual não foram estatisticamente significantes (p > 0,05).
ConclusãoConclui-se que a qualidade de vida das pessoas vivendo com HIV/Aids do respectivo hospital universitário foi positivamente avaliada, uma vez que, foi considerada mediana em 5 dos 6 domínios avaliados e muito boa no domínio espiritual. Nossos resultados sugerem que o apoio social, religioso, ter um emprego e acesso aos serviços de saúde podem melhorar a qualidade de vida desse grupo populacional na região amazônica.