Apesar dos avanços no tratamento do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) que permitiram o aumento da expectativa de vida e a diminuição da morbimortalidade dos pacientes infectados, ainda é necessário refletir sobre como a doença impacta na qualidade de vida dos indivíduos. Sendo assim, este estudo objetivou avaliar a qualidade de vida de pessoas vivendo com HIV internadas em hospital de referência para o tratamento de doenças infecciosas.
MétodoFoi realizado um estudo transversal, com aplicação de questionário socioeconômico e do HIV/AIDS Targed Quality of Life (HAT-QoL) entre julho de 2019 e março de 2020. O questionário HAT-QoL consiste em 34 perguntas de múltipla escolha divididas em 9 domínios: funcionamento geral, contentamento com a vida, preocupações com a saúde, preocupações financeiras, preocupações com a medicação, aceitação do HIV, preocupações com o sigilo, confiança no profissional e função sexual e através dele atribuímos pontuações para mensurar quantitativamente a qualidade de vida dos pacientes em cada esfera. A amostra foi por conveniência, com os seguintes critérios de inclusão: idade superior ou igual a 18 anos e estar internado no hospital com diagnóstico confirmado de HIV. Foram excluídos os pacientes incapazes de responder o questionário.
ResultadosForam entrevistados 101 pacientes. A amostra teve maior representação de indivíduos do sexo masculino (73,3%), pardos (51,5%), solteiros (78,2%), com média de idade de 40 anos, oriundos da região metropolitana de Natal (78,2%), com renda mensal inferior a 1 salário mínimo (35,6%) e com estudo até o ensino fundamental (53,5%). Referiram não fazer uso da TARV ou utilizá-la de forma irregular 44,6% dos pacientes, com uma média de CD4 255,6 células/mm³; e 71,3% afirmaram fazer uso de drogas lícitas ou ilícitas. Foram encontradas associações significativas de fatores sociodemográficos como gênero, escolaridade, estado civil, renda, adesão ao tratamento e uso de drogas em seis dos nove domínios do questionário.
ConclusãoO estudo corroborou com a hipótese de que há um maior prejuízo na qualidade de vida de pessoas que vivem com HIV quando as condições socioeconômicas são menos favoráveis ou estão em situação de vulnerabilidade social.