Os fatores associados ao risco de hospitalização por COVID19 não são completamente conhecidos. O objetivo deste estudo foi descrever o risco de hospitalização dos participantes ambulatoriais com diagnóstico exclusivo para rinovírus, SARS-CoV-2 e codetecção entre esses dois agentes, durante a pandemia no sul do Brasil.
MétodosParticipantes ambulatoriais (> 18 anos) com sinais agudos de tosse, febre ou dor de garganta foram recrutados prospectivamente nas tendas de atendimento do Hospital Moinhos de Vento e Hospital Restinga e Extremo Sul, entre maio e novembro de 2020, e foram acompanhados por 28 dias através de entrevistas telefônicas. Para a detecção de SARS-CoV-2 bem como para o painel respiratório, foi utilizada a técnica de RT-PCR. Para detecção de SARS-CoV-2 foi utilizado kit TaqManTM 2019-nCoV Assay Kit v1 (genes S, N e ORF1ab) a partir de swabs orofaríngeo e nasofaríngeo bilateral. Em coleta de outro swab nasofaríngeo foi realizado painel respiratório para detecção de: Bordetella pertussis; Chlamydophila pneumoniae; Mycoplasma pneumoniae; adenovírus; bocavírus; coronavírus tipos HKU1, 229E, NL63 e OC43; vírus influenza A tipos H1 e H3; vírus influenza B; enterovírus humano; metapneumovírus humano; vírus parainfluenza tipos 1, 2 e 3; RSV tipos A e B; e rinovírus). Todas as amostras foram analisadas no Laboratório de Biologia Molecular do Hospital Moinhos de Vento.
ResultadosForam recrutados 609 participantes, com idade mediana de 36 anos, sendo a maioria mulheres (63,2%). 282 (46,4%) participantes tiveram detectado apenas rinovírus, seguido por 234 (38,4%) com SARS-CoV-2 exclusivamente. A codetecção entre estes dois agentes ocorreu em 93 (15,3%) dos 608 participantes. Deste total, 26 (4,3%) participantes necessitaram hospitalização após a busca por atendimento ambulatorial. Participantes com codetecção viral apresentaram maior proporção de hospitalização quando comparados aos participantes com SARS-CoV-2 e rinovírus detectados como agentes únicos (9,7% (9/93) vs 6,8% (16/234) vs 0,4% (1/282), p < 0.001). Entretanto, quando comparadas as proporções de coinfecção com SARS-CoV-2 (como agente único), a diferença não é significativa (9,7% (9/93) vs 6,8% (16/234), p = 0.373).
ConclusãoO rinovírus foi o principal patógeno detectado em adultos, e apesar da alta prevalência não foi associado ao aumento na hospitalização, sendo o maior risco atribuído à detecção de SARS-CoV-2 nessa população.