12° Congresso Paulista de Infectologia
More infoAg. Financiadora: Financiamento próprio
Introdução: A SRAG (síndrome respiratória aguda grave) causada pelo novo coronavírus (COVID‐19) é uma doença grave, com características clínicas ainda em definição, podendo variar entre as diferentes populações.
Objetivo: Descrever aspectos clínicos, epidemiológicos e os principais desfechos de pacientes com COVID‐19 em Goiânia em 2020.
Metodologia: Estudo transversal que avaliou adultos internados com síndrome gripal (SG) ou SRAG confirmada por SARS‐CoV‐2, em Goiânia, de março a agosto de 2020. O estudo foi autorizado pelos Comitês de Ética em Pesquisa das instituições participantes. Nesta análise interina, foram calculadas medidas de tendência central e realizada distribuição percentual das variáveis.
Resultados: 423 casos de COVID‐19 avaliados, sendo 50,8% homens, com mediana de idade de 57,5 anos. RT‐PCR foi a técnica confirmatória em 96%. SG (26%), SRGA (61%) ou outra hipótese (13%) foram as suspeitas na admissão, com média de início de sintomas de 7,9 dias (1‐30). Comorbidades relatadas em 63%: HAS (43,7%), DM (22,4%), doença respiratória (12%), DAC (8,7%), ICC (5%) e doença renal crônica (4,7%) e 5,3% eram gestantes. Sintomas mais frequentes: tosse (78%), dispneia (73%), mialgia (43,5%), febre antes (35,7%) ou após a admissão (18%), cefaleia (41,6%), astenia (54%), inapetência (29%), náuseas/vômitos (14%). Características tomográficas: opacidades em vidro fosco esparsas (55%) ou difusas (30%), consolidações esparsas (24%) ou difusas (10,6%), com 30% apresentando comprometimento em mais de 50% do parênquima. Durante a internação, foram utilizadas como terapêuticas: oxigenioterapia (75%), antibioticoterapia (85%), terapia antiviral ‐ oseltamivir (20,5%), corticosteroides (60%, dexametasona em 46%), heparinização profilática (76%) e terapêutica (7%), broncodilatadores (16,5%). A admissão em Unidade Intensiva ocorreu em 31% (133) dos casos, 73% (98) nas primeiras 24 horas, com mediana de permanência de 7 dias (IQR 4‐12). Metade destes necessitou de ventilação mecânica, com duração média de 12 dias (1‐39). Complicações relatadas em 18% dos pacientes: sepse (7,3%), choque séptico (7%), injúria renal (6,6%) e infecção nosocomial (3,7%). A taxa de letalidade global foi 14,7%.
Discussão/Conclusão: O conhecimento sobre as características da COVID‐19 em nossa região pode contribuir para diagnóstico precoce, planejamento de gestão em saúde e escolhas terapêuticas adequadas, visando redução da letalidade. A internação precoce em UTI deve alertar os gestores sobre a necessidade de leitos críticos disponiveis durante a pandemia.