12° Congresso Paulista de Infectologia
More infoAg. Financiadora: FAPESP
Nr. Processo: 2018/17210‐1
Sessão: TEMAS LIVRES | Data: 02/12/2020 ‐ Sala: 1 ‐ Horário: 18:35‐18:45
Introdução: São denominados “experimentos naturais” estudos que avaliam o impacto de uma intervenção natural ou artificial, externa ao controle dos investigadores. Em 26 de outubro de 2010, em esforço para conter a escalada da resistência de bactérias a antimicrobianos, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) expediu a Resolução de Diretoria Colegiada (RDC) 44, condicionando a venda desses medicamentos em farmácia à apresentação de receita médica.
Objetivo: Avaliar o impacto da RDC44 sobre etiologia e resistência microbiana em infecções do trato urinário (ITU) adquiriadas na comunidade.
Metodologia: Utilizamos análise de séries temporais interrompidas (ITS) para avaliar o impacto da medida sobre a etiologia e a resistência a antimicrobianos em agentes de ITU adquirida na comunidade, identificados nos serviços ambulatoriais e/ou nas primeiras 48 horas de internação no Hospital Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu (HCFMB). O levantamento foi feito junto ao laboratório de microbiologia do HCFMB, sendo considerados dois períodos: pré‐intervenção (janeiro/2005 a outubro/2010), de) e pós‐intervenção (novembro/2010 a dezembro/2018). Desfechos (proporção de agentes etiológicos e taxas de resistência aos antimicrobianos mais utilizados na prática clínica) foram abordados por testes estatísticos usuais e por análises de séries temporais (modelos autorregressivos, ex.: ARIMA–Autoregressive integrated moving average, análise de regressão segmentada). A sazonalidade foi abordada através de modelos de Regressão de Poisson.
Resultados: Como resultado, bservamos sazonalidade das ITU, com predomínio no verão (IRR=1,11; IC95%=1,08 a 1,14; p<0,001). A análise de ITS demonstrou diferentes resultados, nos quais se sobressaem: (a) redução significante da proporção de enterobactérias não Escherichia coli (coeficiente=‐0,001; IC95%=‐0,001 a ‐0,0002; p=0,009) e bacilos Gram‐negativos não fermentadores (coeficiente=‐0,0004; IC95% =‐0,0007 a–0,0002; p<0,001); (b) impacto sobre evolução de taxas de resistência a aminoglicosídeos e cefalosporinas de 1ª. Geração, mas não a quinolonas, trimetoprim‐sulfametoxazol e cefalosporinas de 3ª. Geração.
Discussão/Conclusão: Em face dos resultados, não é possível no momento confirmar o impacto positivo da RDC 44 sobre a resistência em uropatógenos adquiridos na comunidade.