12° Congresso Paulista de Infectologia
More infoIntrodução: A Profilaxia Pré‐Exposição (PrEP) mostra‐se muito eficaz quando utilizada diariamente, chegando a 99% de redução do risco de contrair HIV, ou quatro vezes na semana, alcançando 96% de redução do risco. Entretanto, apesar de ser um método profilático aprovado e que apresentou bons resultados, pode haver o surgimento de efeitos adversos, principalmente no início do tratamento.
Objetivo: Avaliar os motivos de busca e anseios dos usuários pelo serviço do PrEP em Sergipe.
Metodologia: Trata‐se de um estudo transversal e descritivo. A coleta de dados foi realizada entre abril e setembro de 2019 por meio de aplicação de questionário com os usuários do serviço de PrEP do Hospital Universitário de Sergipe. Os critérios de inclusão foram assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e indicação para uso da PrEP por conta de comportamento sexual de risco.
Resultados: Foram avaliados 13 pacientes do serviço, 8 homens homossexuais, 4 mulheres heterossexuais e 1 mulher travesti homossexual, que foi incluída no grupo dos homens. A principal razão da ida ao ambulatório foi buscar PrEP (12; 92,3%). Dentre os homens, 7 (77,8%) pacientes decidiram buscar PrEP por conta própria, sendo 6 (85,7%) por meio de pesquisa na internet e 1 (14,3%) por meio de amigos, e 2 (22,2%) foram encaminhados por profissional de saúde. Entre as mulheres, todas foram encaminhadas por um profissional de saúde porque seus parceiros eram soropositivos. Quanto aos anseios em utilizar, 64% sentiram‐se apreensivos ao iniciar a quimioprofilaxia. Entre eles, todos relataram medo de desenvolver algum efeito colateral. 15,2% referiram ter medo do Governo Federal suspender a distribuição dos medicamentos. A maioria dos participantes (69,2%) não encontraram nenhuma dificuldade para acessar o serviço. As principais dificuldades descritas foram relacionadas à falta de informação dos profissionais da recepção.
Discussão/Conclusão: Além da chance de efeitos adversos, percebe‐se o anseio de perder o acesso a esse medicamento. Este medo pode estar associado à lenta implementação da PrEP por conhecimento insuficiente entre os gestores das políticas públicas de saúde, custo dos medicamentos e concentração da epidemia do HIV em populações com comportamentos sexuais que vão de encontro à heteronormatividade. Além disso, há uma dicotomia entre os sexos, na qual homens buscam o serviço por conta própria, enquanto mulheres são encaminhadas por motivo de sorodiscordância com o parceiro.