IV Congresso Goiano de Infectologia
More infoA Hanseníase é uma doença crônica granulomatosa causada pelo Mycobacterium leprae. A Organização Mundial de Saúde a classifica em duas classes operacionais: Paucibacilar (PB) e Multibacilar (MB). A MB é caracterizada por múltiplas lesões, acometimento sistêmico, alta carga bacteriana e maior risco de óbito.
ObjetivoAnalisar o perfil epidemiológico associado à classe operacional e à mortalidade por Hanseníase no estado de Goiás entre 2014 e 2023.
MetodologiaTrata-se de um estudo epidemiológico descritivo de base populacional, realizado a partir de dados secundários do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN/DATASUS). Foram analisadas as notificações de Hanseníase no período de 01/01/2014 a 31/12/2023 no estado de Goiás, coletando-se as seguintes variáveis: tipo de saída, classe operacional, sexo, raça, escolaridade e faixa etária. A análise estatística foi realizada no software R Studio 4.3.2 a partir do Teste Qui-Quadrado com simulação de Monte Carlo, considerando um nível de significância de 5%.
ResultadosGoiás registrou um total de 15.362 casos notificados de Hanseníase no período. Eram, em sua maioria, do sexo masculino (60,3%), pardos (57,4%), com ensino fundamental incompleto (42,4%) e idade entre 40 e 59 anos (42%), apresentando mortalidade total de 2%. A classe MB foi a mais prevalente (82,1%), com maior taxa de óbitos (2,27%) em comparação com a classe PB (0,71%) (p < 0,001). A mortalidade foi significativamente maior no sexo masculino (2,33%) em relação ao feminino (1,5%) (p = 0,001), sendo a classe MB mais prevalente entre homens (87,3%) (p < 0,001). A escolaridade apresentou associação com a mortalidade (p < 0,001), sendo que a taxa de óbitos entre analfabetos foi de 4,34% em comparação com 0,14% no ensino superior. Menores níveis educacionais apresentaram maior prevalência da classe MB, com a maior proporção entre analfabetos (89%) (p < 0,001). Em relação à faixa etária, houve diferenças significativas para mortalidade, com taxa de óbitos mais elevada entre idosos acima de 80 anos (10,8%) (p < 0.001), os quais também apresentaram maior prevalência da classe MB (88,6%) (p < 0.001).
ConclusõesEm Goiás, a Hanseníase apresentou taxa de mortalidade de 2%. Homens, analfabetos e idosos apresentaram maior taxa de óbitos e prevalência da classe MB. Os dados apontam para diferenças significativas de mortalidade e gravidade da Hanseníase conforme os perfis epidemiológicos, exigindo intervenções específicas para grupos vulneráveis.