XXIII Congresso Brasileiro de Infectologia
More infoA tuberculose (TB) se mantém como um grave problema de saúde pública. No ano de 2022, o Brasil registrou um total de 78.057 novos casos de tuberculose. Dentre esses casos, 5.149 foram reportados no estado de Pernambuco, sendo o quarto estado com maior incidência da doença. A identificação dos fatores de risco associados à doença é de extrema importância para diminuir as taxas de não-adesão ao tratamento e aumentar a efetividade dos programas nacionais, uma vez que não existem dados disponíveis no estado de Pernambuco. Dessa forma, o presente trabalho analisou o perfil clínico-epidemiológico de pacientes com suspeita clinica compatível com tuberculose, provenientes do SUS de Pernambuco.
MetodologiaEste estudo foi realizado no Instituto Aggeu Magalhães (Fiocruz Pernambuco), em colaboração com unidades de saúde que são referência para o tratamento e diagnóstico da tuberculose no SUS de Pernambuco, tendo sido aprovado pelo comitê de ética em pesquisa da instituição principal (CAAE: 48498821.2.0000.5190). A população de estudo foi constituída por pacientes com suspeita de tuberculose pulmonar (N=164), que foram subdivididos nos grupos TB pulmonar (N=81) e indivíduos controle (N=83), após a definição diagnóstica. As informações foram armazenadas e analisadas utilizando o IBM SPSS Statistics, através do teste do χ 2.
ResultadosHouve predomínio de indivíduos do gênero masculino no grupo TBP (69,14%) e no controle (55,42%). Não foi obtida diferença estatística (p = 0,15) entre as médias de idade do grupo TBP (40,06 anos) e controles (43,35 anos). Observou-se que a maioria dos indivíduos de ambos os grupos não eram tabagistas (93,90%), não apresentavam as comorbidades diabetes (93,02%) e hipertensão (95,73%), não reportaram casos de TB na família (76,83%) e apresentavam cicatriz da vacina BCG (67,68%). Não foi observada diferença estatística entre os grupos (p > 0,05). Entretanto, foi observada associação entre o alcoolismo e a TBP (p = 0,04), existindo um risco aumentado de desenvolvimento da forma ativa da doença em indivíduos alcoolistas (OR = 8,99; IC = 1,09 – 73,58).
ConclusãoO alcoolismo apresentou associação com TBP na população estudada, existindo um risco 9 vezes maior de desenvolvimento da forma ativa da doença em indivíduos alcoolistas. Estudos científicos têm demonstrado que o consumo de álcool aumenta o risco de infecção e de desenvolvimento da TB, além de interferir negativamente no tratamento e no prognóstico dos pacientes