XXIII Congresso Brasileiro de Infectologia
More infoA hanseníase é uma doença infecciosa de caráter crônico causada pelo bacilo Mycobacterium leprae que pode causar graves deficiências físicas, psicológicas e sociais. É problema sanitário mundial e, no Brasil e em Sergipe, é endêmica. O objetivo do trabalho foi analisar os dados de laudos anatomopatológicos com a classificação clínica e operacional dos casos de hanseníase no estado de Sergipe em laboratórios de referência no período de 2007 a 2016.
MétodosTrata-se de um estudo observacional descritivo e retrospectivo realizado a partir de laudos anatomopatológicos de pacientes com diagnóstico de hanseníase. Esses laudos foram coletados no Hospital Universitário da Universidade Federal de Sergipe (laboratório público) e em três laboratórios particulares. Foram tabuladas as variáveis idade, sexo, baciloscopia e forma clínica. Utilizou-se o Teste de Mann Whitney e o Teste de Qui-Quadrado de Igualdade para comparação das variáveis entre os diferentes laboratórios. Os resultados foram considerados estatisticamente significativos quando p<0,05.
ResultadosOs resultados mostraram, no período 2007 a 2016, 988 casos de hanseníase em pacientes procedentes em sua maioria da Grande Aracaju (74,15%). 52,13% dos casos foram no sexo feminino e a média de idade foi de 46,36 ± 19,63 e de 46,45 anos ± 20,5 no laboratório público e laboratórios particulares, respectivamente. Em relação a classificação operacional, a forma paucibacilar estava presente em 76,24% dos casos. As formas clínicas mais prevalentes foram a Hanseníase tuberculóide (HT), que contou com 425 casos (45,7%) seguida da forma indeterminada com 344 casos (36,99%). Além disso, a baciloscopia apresentou resultado positivo em 16,5% dos casos. Finalmente, ao observar as classificações operacionais relatadas nos laudos, a paucibacilar, que diz respeito às formas mais brandas da hanseníase, foi mais predominante nos Laboratórios particulares, com 512 casos (79,01%), enquanto no laboratório público foram 197 (68,88%). Por outro lado, a forma multibacilar, apresentação mais grave da doença, predominou no laboratório público, com 85 casos (29,72%), contra 136 (20,98%) dos particulares.
ConclusãoPode-se observar a ocorrência de casos mais graves da hanseníase na população de pior situação econômica e social. Possivelmente, isso se deve ao menor acesso aos serviços de saúde, levando ao diagnóstico tardio e complicações da doença.