12° Congresso Paulista de Infectologia
More infoIntrodução: A pandemia de COVID‐19 representa um enorme desafio de para a saúde pública. É sabido que várias comorbidades aumentam a chance de casos graves e pior evolução, em particular, aquelas que reduzem a imunidade. Há muitas dúvidas de como a COVID‐19 se comporta em pessoas vivendo com HIV/aids (PVHA). Dessa forma, é importante sabermos a mortalidade dessa coinfecção e as características desses pacientes, em nosso meio.
Objetivo: Analisar os casos de pacientes que vivem com HIV/aids coinfectados com COVID‐19.
Metodologia: Estudo transversal, onde foi realizada análise de todos os casos de COVID‐19 atendidos em um Hospital de Ensino Terciário de 13 de março a 19 de julho de 2020. Dentre esses casos, foram identificados descritos todos os casos de PVHA.
Resultados: De 1218 pacientes notificados foram identificados 14 (1,1%) pessoas vivendo com HIV/aids. Sete (50,0%) do sexo masculino, com mediana de idade de 51 anos (26‐82), apenas um paciente não sabia do diagnóstico da infecção pelo HIV (7,1%) e três (21,4%) tinham doença definidora de aids prévia. A última carga viral do HIV, antes da COVID‐19, foi<200 cópias/mL em 12 (85,6%) casos e a mediana do último LTCD4+ foi de 679 células/mm3 (25‐1096) e do LTCD4+ nadir foi de 332 células/mm3 (25‐861). Doze (85,7%) pacientes estavam em uso de TARV, 6 (50,0%) com tenofovir e dois (16,6%) com darunavir/ritonavir no esquema, sendo que apenas um (7,1%) paciente com falha virológica prévia e três (21,4%) com uso irregular das medicações. O diagnóstico de COVID‐19 foi realizado em 13 casos com RT‐PCR e em um caso com sorologia. Dez (71,4%) pacientes necessitaram de internação, com mediana do tempo de 16 dias (4‐31). Nove casos necessitaram de UTI (90,0%), com mediana de tempo de 7,5 (2‐24) dias. Três (21,3%) casos eram trabalhadores da saúde, cinco (42,8%) não apresentavam comorbidades, seis (42,8%) tinham cardiopatia crônica, seis (42,8%) diabetes mellitus, três (21,4%) acometimento do sistema nervoso central, dois (14,2%) hepatopatas crônicos, dois (14,2%) estavam em uso de imunossupressor, dois (14,2%) com hipotireoidismo, dois (14,2%) etilistas, um (7,1%) com doença renal crônica (sendo um transplantado renal) e um (7,1%) era tabagista. Seis casos (42,8%) evoluíram para óbito.
Discussão/Conclusão: Em nossa casuística, observamos alta mortalidade em PVHA com COVID‐19. Quase todos os pacientes tinham um bom controle virológico e imunológico da infecção pelo HIV. A maioria dos casos apresentavam comorbidades descritas como de risco para COVID‐19 grave.