12° Congresso Paulista de Infectologia
More infoIntrodução: O espectro clínico do COVID‐19 é amplo e varia desde manifestações leves de doença respiratória até pneumonia viral grave com insuficiência respiratória e choque séptico. Dado o amplo espectro de manifestações clínicas, o desafio central para as equipes de enfrentamento, é identificarem precocemente os grupos de risco e determinar as manifestações clínicas que podem representar pior prognóstico com relação à infecção. Atualmente, há associação evidente entre a infecção viral e manifestações tromboembólicas. Dessa maneira, a introdução precoce de anticoagulantes tem demonstrado benefício.
Objetivo: O presente estudo descreve o caso de uma paciente jovem, com manifestações atípicas decorrentes de infecção pelo SARS‐CoV‐2.
Metodologia: F.A.S, 36 anos, previamente hígida, iniciou quadro de cefaleia súbita de forte intensidade, no dia 04/05/2020 por volta das 23h, na ocasião supôs que se devia a cefaleia pré‐menstrual e se automedicou com dipirona VO. Pela manhã do dia 05/05/2020, a dor se intensificou (9/10), e associou‐se à náuseas e perda de acuidade visual parcial à esquerda e amaurose à direita e perda de equilíbrio. Paciente foi avaliada por equipe médica do local e, em 1° atendimento, recebeu dipirona+dexametasona 4mg+dramin dl 1amp IV. Transferida para UTI de hospital da região para investigação, dia 05/05/2020; À primeira avaliação, a paciente estava consciente, orientada, anictérica, acianótica, afebril, respiração espontânea em a.a. Ao exame físico: PIFR, com abertura ocular espontânea, sem alterações aos exames de aparelho respiratório, cardíaco, e abdome inocente. ECG 15, SEM DEFICIT MOTOR. Antecedentes pessoais: Nega alergias e comorbidades. Nega uso de medicamento contínuo.
Resultados: Evolução: Internação em UTI para acompanhamento. Alta dia 09/05/2020: Ao exame neurológico–refere melhora do padrão da cefaleia e mantem hemianopsia homônima temporal à direita. Alta hospitalar em uso de anticoagulante até resultado de angiografia+eco transesofágico+holter de 24h; ECG (05/05/2020): ritmo sinusal. Angiografia cerebral (10/06/2020): oclusão do ramo temporo‐occipital da artéria cerebral posterior esquerda e área hipovascular parietal esquerda.
Discussão/Conclusão: Este caso é notável pois a paciente não apresentou outras manifestações clínicas comuns à infecção por COVID‐19, com cefaleia de forte intensidade súbita, que, durante investigação demonstrou‐se por meio de acidente vascular isquêmico possivelmente decorrente da infecção pelo coronavírus.